Janna

"A jornalista mais jovem da Palestina"

Toda sexta-feira, a comunidade de Nabi Saleh, a 20 quilômetros de Ramallah, costuma se reunir para protestar contra a presença de colônias israelenses na Cisjordânia. Na entrada da cidade há um assentamento judeu, e é para lá que todos caminham, com faixas e gritos de guerra. Uma das vozes que ecoam mais longe é a de Janna Jihad Ayyad, que se autointitula a “jornalista mais jovem da Palestina”.

Janna começou a registrar as manifestações aos sete anos e hoje, aos 10, é uma celebridade. Sua página no Facebook tem mais de 213 mil seguidores. Já foi entrevistada por veículos de países como Estados Unidos, Alemanha, China e África do Sul.

– Comecei a trabalhar quando vi que os jornalistas não cobrem muitas coisas em Nabi Saleh. Pensei: quero ser a jornalista que cobre todas as coisas que acontecem aqui. Quero mostrar minha mensagem ao mundo e dizer que não somos terroristas – conta.

E o que os outros jornalistas não mostram?

– Que eles (soldados israelenses) estão matando a gente, queimando casas, prendendo nosso povo, essas coisas – diz.

No quintal de casa, a menina mostra um varal feito com bombas de gás lacrimogêneo, que a família recolhe do chão quando atiradas pelo exército.

– Nós coletamos para mostrar ao mundo que nós podemos fazer da morte um caminho para a vida – explica, em inglês fluente, a menina que nasceu nos Estados Unidos, mas voltou ainda bebê.

O pai ainda mora na Flórida, onde tem uma mercearia. A mãe, Nawal, não aguentou a vida nos EUA: está divorciada há três anos e trabalha no Ministério do Desenvolvimento Social da Palestina.

Janna diz que só acredita em paz se houver justiça, e para ela justiça seria o fim da ocupação. Seu maior sonho é ver a Palestina livre. O segundo é estudar jornalismo na Universidade de Harvard (EUA) – para continuar a difundir suas bandeiras. Mas faz uma ressalva: se a ocupação acabasse, o que gostaria mesmo seria atuar como jogadora de futebol, seguindo os passos do seu ídolo, Neymar.

Em Nabi Saleh, Janna grava protestos da comunidade contra a ocupação israelense, que considera ignorados pela imprensa tradicional, e divulga pela internet

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