O comandante

Felipão era um pão duro notório. Todos sabiam disso no Olímpico e arredores. Mas havia um dia no mês em que abria a mão. O técnico pegava o Monza verde garrafa ano 1985, empoleirava o auxiliar Zeca Rodrigues dentro e tomava o caminho da Avenida A.J. Renner, no Humaitá. Lá, em um atacadão.comprava mantimentos em grandes quantidades e enchia o porta-malas. No vestiário do Olímpico, Felipão e sua comissão montavam as cestas básicas para que Zeca, presidente da Associação dos Funcionários do Grêmio, distribuísse entre os mais carentes do clube.

– Aquilo fazia um bem ao pessoal de apoio, que trabalhava ainda mais em nosso favor – conta Zeca, hoje com 69 anos e aposentado com pique de guri.

O caso acima é apenas um exemplo de como Felipão arregimentou todas as forças do Olímpico em torno de um time montado como quebra-cabeças. No ano anterior, ele e o vice de futebol Cacalo assistiam aos jogos e trocavam ideias. Felipão tinha um caderninho onde registrava os nomes de quem havia agradado. Foi assim que garimpou Dinho no Santos e Jardel no Vasco. Os nomes           buscados fora se encaixaram com os guris da casa.                                  A esses, Felipão tinha cuidado de pai. Embora as                        inevitáveis broncas.

– O Jardel, o Arílson e o Paulo Nunes eram os que mais ouviam as broncas. O Felipão dava confiança, mas só não aceitava que saíssem da linha – recorda Zeca, que trabalhou com Felipão de 1993 a 1996, período em que o técnico comandou o time e registrou seu nome na história gremista.

 

 

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