No enceramento da perna brasileira da Olé Tour, os Rolling Stones apresentaram em Porto Alegre, dia 2 de março, a versão mais curta do set list tocado antes no Chile, na Argentina, no Uruguai, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Como já haviam feito em dois dos oito shows anteriores, a banda mostrou na Capital 18 canções, entre elas as 14 que se mantiveram fixas em todas essas apresentações (marcadas abaixo).

O repertório foi completado por Ruby Tuesday, que a banda não exibia ao vivo desde 2014, Let's Spend the Night Together, escolhida pelo público em votação na internet, e a duas escolhidas por Keith Richards em seu momento solo ao microfone, que desta vez foram You Got The Silver e Before They Make Me Run.

Com Ruby Tuesday os Rolling Stones já tocaram 35 diferentes músicas na Olé Tour, que segue para Lima (Peru), Bogotá (Colômbia), Cidade do México e Havana (Cuba)

MARCELO PERRONE

Set list de Porto Alegre — Estádio Beira-Rio, 2 de março de 2016

O clássico lançado como single em 1968 tinha sido escolhido para abrir o espetáculo apenas duas vezes nos oito shows anteriores da Olé Tour. Richards manda ver um de seus mais conhecidos riffs nesta faixa que começou a ser composta em meio às experimentações psicodélicas do disco Their Satanic Majesties Request, como forma de manter azeitada a pegada rock'n'roll da banda. Da saga do saltitante personagem descrito na letra saiu o título do documentário Crossfire Hurricane, lançado em 2012 para comemorar os 50 anos dos Stones. Já abriu duas vezes os shows da Olé Tour.

O refrão virou um dos mais conhecidos bordões da história do rock. Foi gravada no disco homônimo de 1974 e ganhou um videoclipe em que os músicos aparecem vestidos de marinheiros sendo cobertos por espuma.

De Exile on Main Street (1972), álbum duplo que os Stones gravaram na temporada de exílio na Cote d'Azur. A letra faz referência às relações amorosas como uma jogatina de dados, com Jagger começando: "As mulheres acham que eu sou gostoso."

Representante do disco Bridges to Babylon (1997), cuja turnê passou pelo Brasil em 1998. A linha de baixo faz referência à canção soul Papa Was a Rolling Stone, gravada pelo Temptations em 1972.

A faixa do compacto britânico foi incluída na versão americana do disco Between the Buttons (1967). Fez grande sucesso e também causou problemas para os Stones, por conta de sua mensagem, digamos, demasiado erótica para os padrões da época. Durante apresentação no programa de Ed Sullivan, o mais popular dos EUA nos anos 1960, Jagger teve de alterar  o refrão, cantou "Let's spend some time together".

Os Stones haviam tocado esta faixa — também integrante da versão americana do álbum Between the Buttons (1967) — pela última vez em março de 2014, na China. Richards esboçou a letra inspirado em um groupie dos Stones — ou em uma namorada sua, conforme a versão da história —, com participação de Brian Jones na música. Apesar de sua pouca — ou nenhuma — participação na criação da música, Jagger levou os créditos com Richards.

Lançada como single em 1966 na Inglaterra e incluída na edição americana do álbum Aftermath. Na gravação original, Brian Jones mostra sua versatilidade tocando o sitar indiano, instrumento que à época ganhava adeptos entre os roqueiros. No palco, Keith Richards faz a introdução na guitarra, e Charlie Watts dá a largada para os fãs saírem do chão.

A inspiração country desta faixa, lançada como single em 1969 logo após a morte do guitarrista Brian Jones, tem origem na temporada que Mick Jagger e Keith Richards passaram em um sítio em Matão, no interior de São Paulo. A letra fala em uma dançarina de um bar de Memphis.

A faixa acústica que Richards canta em Let It Bleed (1969) tem como musa inspiradora sua mulher à época, Anita Pallenberg. No palco, Ron Wood dá um show à parte ao slide no seu violão.

Richards canta no disco Some Girls (1978) esta música com inspiração autobiográfica em que ele faz referência à sua prisão por posse de drogas no Canadá, em 1977. Reza a lenda que ele gravou a faixa após cinco dias sem dormir.

Esta faixa gravada em Let it Bleed (1969) é sempre um dos pontos altos dos shows dos Stones com suas versão estendida. É uma ópera-blues, como já definiu Richards, inspirada em um serial killer que agiu em Boston nos anos 1960. A gaitinha de boca de Jagger remete às influências blueseiras dos Stones no começo da carreira.

Os Stones entraram com o pé direito na pista de dança da era disco com este grande hit do álbum Some Girls (1978). O baixista Darryl Jones, que substituiu como músico contratado Bill Wyman em 1994, dá seu show no comando do groove.

A canção do disco Let it Bleed (1969) tornou-se uma das mais icônicas da banda e ganha grande impacto nas versões ao vivo. Deu nome também ao documentário que registra a turnê dos Stones pelos EUA em 1969, encerrada de forma trágica no concerto de Altamont. Jagger faz um empolgante dueto com a vocalista Sasha Allen, que substituiu Lisa Fisher na Olé Tour.

A faixa do disco Tattoo You (1981) abriu seis dos oito shows anteriores da Olé Tour e foi deslocada para o bloco final em Porto Alegre. Um dos maiores sucessos dos Stones, a música ajudou a manter a banda em alta rotação nos anos 1980. Curiosamente, foi composta em 1975 com uma levada reggae e chegou a ter o nome de Never Stop.

Em sua primeira visita ao Brasil, em 1968, Mick Jagger visitou a Bahia e ficou impressionado com os rituais do candomblé, sobretudo o som dos atabaques. Foi a inspiração para este clássico, gravado no disco Beggars Banquet (1968), em que ele encarna, sob a iluminação vermelha no palco, o imortal capeta que testemunhou a crucificação de Cristo, a revolução russa, a II Guerra Mundial e o assassinato de Kennedy.

Embora a mitologia da banda tenha associado o título da canção de Sticky Fingers (1971) a uma das gírias para heroína, ela foi criada por Jagger durante as filmagens do faroeste Ned Kelly na Austrália. A letra, que fala sobre o período da escravidão, foi parcialmente inspirada em uma vocalista de Ike e Tina Turner por quem Jagger se interessou à época.

A primeira canção do bis, gravada em Let it Bleed (1969)  contou com a boa participação do coral PUCRS. Foi rascunhada por Jagger durante uma temporada de férias no Brasil e seu título faz referências às frustrações provocadas por amor, política e drogas.

Encerramento apotético com o sucesso que fez os Rolling Stones ficarem famosos em todo o mundo. Lançada em 1965, em compacto, a canção foi incluída na versão americana do LP Out of Our Heads. Consagrou-se como um hino da cultura pop abraçado por diferentes gerações. Jagger dizia que não faria sentido cantá-la quando estivesse "velho". Mas, a cada performance com Satisfaction , o cantor parece voltar aos seus tempos de garoto nos clubes de Londres. O icônico riff foi gravado por Richards em um gravador ao acordar com ele na cabeça durante uma madrugada.

* Musicas apresentadas nos nove primeiros shows da Olé Tour