Cinema

Provocador

"Sangue do meu sangue" faz crítica à Igreja e à Itália

Filme de Marco Bellocchio se passa em dois tempos – no século 17 e nos dias de hoje – e está em cartaz na Capital

Roger Lerina

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Homenageado especial da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo com um ciclo de seus mais importantes filmes, Marco Bellocchio – diretor de títulos como Diabo no corpo (1986), Bom dia, noite (2003) e Vincere (2009) – esteve no Brasil no final de outubro acompanhando o evento. Aos 77 anos, o mais importante cineasta italiano da atualidade mostrou também seus dois mais recentes longas, até então inéditos no país: Sangue do meu sangue (2015) e Belos sonhos (2016). O primeiro entrou em cartaz na Capital nesta semana, o segundo está previsto para estrear nos cinemas no próximo dia 22.

Sangue do meu sangue é uma crítica e provocadora parábola sobre a Itália e seus pecados, narrada em dois tempos, como um díptico, no século 17 e nos dias de hoje – ambos ambientados em Bobbio, cidade natal de Bellocchio. A história começa no passado, com a chegada a um convento de um nobre interpretado pelo ator Pier Giorgio Bellocchio – filho do diretor –, que foi ao local acompanhar o interrogatório de uma freira acusada de ter enfeitiçado seu irmão, padre confessor da jovem religiosa. Como o sacerdote suicidou-se, um tribunal eclesiástico quer forçar Benedetta (Lidiya Liberman) a admitir ter seduzido o irmão de Federico sob influência do diabo – o que absolveria o morto do pecado de tirar a própria vida e permitiria seu enterro em solo consagrado. Benedetta, porém, nega ter qualquer ligação demoníaca, fascinando Federico com sua beleza e irredutível paixão.

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Já no segundo ato, Sangue do meu sangue adota um tom quase burlesco para narrar um conto contemporâneo na mesma Bobbio, onde um conde morfético (Roberto Herlitzka) vive escondido na antiga abadia. A tranquilidade do chefe mafioso em seu refúgio é perturbada quando um fiscal da receita e um milionário russo visitam a construção supostamente abandonada – a dupla quer transformar o local em um hotel de luxo.

– Sangue do meu sangue retoma uma série de temas já abordados em outros filmes meus, como em Irmãs jamais (2010), que também se passa em Bobbio. O final desses dois filmes é parecido: um amor pelo passado e a necessidade de romper definitivamente com ele – disse Bellocchio em entrevista concedida durante a Mostra de São Paulo.

Sangue do meu sangue
De Marco Bellocchio
Drama, Itália/França/Suíça, 2015, 107min.
Em cartaz no Guion Center 2, às 15h35min e 19h25min.
Cotação: 4/5

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