Roger Lerina
O diretor Guy Ritchie despontou em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998) e Snatch: Porcos e Diamantes (2000) como uma espécie de resposta britânica a Quentin Tarantino, realizando filmes hiperviolentos cheios de ironia, referências pop e linguagem das ruas. Diferentemente do cineasta norte-americano, porém, o inglês nunca conseguiu ir além do pastiche e da mixórdia em produções que fazem muito barulho, mas pouco dizem. Depois de esculhambar com Sherlock Holmes e os agentes da U.N.C.L.E., Ritchie reduz agora a seu nível rasteiro um ícone cultural ainda mais venerável. Em cartaz na Capital a partir desta semana, Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) mostra o mítico personagem como um garoto criado clandestinamente em um bordel que descobre ser herdeiro do trono da Inglaterra, usurpado de seu pai pelo ambicioso tio.