Marcelo Perrone
Quem admira o trabalho de David Lynch costuma se embasbacar e ainda se surpreender com a energia criativa do cineasta americano. De volta à ativa com a terceira temporada da série Twin Peaks, após 10 anos afastado do set de uma grande produção, Lynch marcou sua aclamada trajetória afinando o diálogo – embaralhando pode ser o termo mais apropriado – entre o cinema e as artes visuais. Trata-se de um esteta que ergue narrativas perseguindo na colagem de imagem e som a experimentação e a provocação, talento impresso em filmes referenciais como Veludo Azul (1986), Coração Selvagem (1990), a obra-prima Cidade dos Sonhos (2001) e em Twin Peaks, marco revolucionário na TV nos anos 1990 e agora outra vez despertando reações inflamadas – de desbunde e, em menor grau, impaciente exasperação. Diante de um trabalho seu, a reação nunca é de indiferença.