
O júri do 74º Festival de Veneza premiou neste sábado o mexicano Guillermo del Toro com o Leão de Ouro por The Shape of Water, uma fábula de amor delicada e magistral entre uma empregada muda e uma estranha criatura anfíbia.
O filme encantou o público e a crítica do festival. Ambientado em 1962, em plena Guerra Fria, ele conta a história de uma jovem muda, Elisa (Sally Hawkins), cujos únicos amigos são uma colega de trabalho negra e um vizinho gay. Em uma ode às diferenças, trata-se do "antídoto perfeito contra o cinismo, já que atinge as emoções", disse o diretor.
Leia mais:
VÍDEO: divulgado primeiro trailer de documentário sobre Lady Gaga
Shonda Rhimes na Netflix: o que esperar desse casamento entre gigantes da TV
No longa, o mexicano volta a dar asas à sua paixão por criaturas fantasmagóricas, mediante um chamativo universo visual.
— Se você permanecer puro e com sua fé, com aquilo em que acredita, no meu caso, monstros , você consegue fazer qualquer coisa — disse o diretor ao receber o prêmio, entregue pela presidente do júri, a atriz americana Annette Bening.
Del Toro, que vive nos Estados Unidos, dedicou o troféu "a todos os diretores mexicanos e latino-americanos que sonham em fazer algo que passe uma mensagem, que ouviram que isso não poderia ser feito. Isso pode ser feito."
— Acredito na vida, no amor e no cinema — acrescentou, no encerramento de uma cerimônia marcada pela emoção.
O segundo prêmio mais importante, o Leão de Prata, foi para o francês Xavier Legrand por Jusqu'à la Garde, sobre um divórcio dramático, em que uma criança fica refém da relação cada vez mais hostil entre seus pais. Jusqu'à la Garde também é uma denúncia feroz da violência contra as mulheres. Legrand também foi premiado com o Leão do Futuro, para o melhor filme de estreia, neste caso, seu primeiro longa-metragem.
O melhor roteiro foi para o humor negro do britânico Martin McDonagh, com Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, um dos favoritos ao prêmio máximo do festival. Esta comédia dramática cheia de diálogos espirituosos e salpicada dos piores insultos existentes nos Estados Unidos arrancou risos dos cinéfilos em Veneza. O filme narra o conflito entre uma mãe (Frances McDormand) e a polícia local.
O prêmio de melhor atriz foi para a britânica Charlotte Rampling, por sua interpretação no filme Hannah, coprodução franco-belgo-italiana do jovem cineasta italiano Andrea Pallaoro. O prêmio de melhor ator foi para Kamel El Basha, por seu papel em The Insult, de Ziad Doueiri (Itália). O diretor israelense Samuel Maoz recebeu o grande prêmio do Júri por Foxtrot, uma tragédia familiar contada em três atos.
Pela primeira vez na história do decano dos festivais de cinema, filmes de realidade virtual foram incluídos na competição. O prêmio de melhor filme nesta categoria foi para o americano Eugene YK Chung por Arden's Wake Expanded.
Segue a lista de premiados do 74º Festival de Cinema de Veneza:
Leão do Ouro de melhor filme
The Shape of Water, de Guillermo Del Toro (EUA)
Leão de Prata de melhor diretor
Xavier Legrand, por Jusqu'à la Garde (França)
Grande Prêmio do Júri
Foxtrot, de Samuel Maoz (Israel)
-Prêmio especial do júri:
Sweet Country, de Warwick Thornton (Austrália)
Copa Volpi de melhor ator:
Kamel El Basha em The Insult, de Ziad Doueiri (Itália)
Copa Volpi de melhor atriz:
Charlotte Rampling em Hannah, de Andrea Pallaoro (Itália)
Melhor roteiro:
Martin McDonagh por Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (Grã-Bretanha)
Prêmio Marcello Mastroianni de melhor ator ou atriz:
Charlie Plummer em Lean on Pete, de Andrew Haigh (Grã-Bretanha)
Leão do Futuro de melhor primeiro filme:
Xavier Legrand, por Jusqu'à la Garde (França)