Salman Rushdie e sua obra devem muito a uma descoberta desconcertante: a da sensação de ser "um outro". Em seu livro mais recente lançado no Brasil, o alentado relato memorialístico Joseph Anton, Rushdie narra, além do período em que precisou viver sob proteção devido à fatwa lançada por autoridades islâmicas (falaremos disso na sequência), suas múltiplas raízes familiares. Filho de uma professora e de um advogado erudito de formação islâmica, mas ateu, Salman Rushdie nasceu em Bombaim, em uma família muçulmana de origem caxemire, no exato ano em que a Índia e o Paquistão se tornavam independentes do jugo britânico. Aos 12 anos, foi levado pelo pai para estudar na exclusiva Rugby School inglesa. Tal caldo de experiências só poderia mesmo moldar um escritor, mais do que fascinado, obcecado pela condição do estrangeiro, cada vez mais comum no mundo contemporâneo.
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