Carlos André Moreira
O escritor americano Alvin Toffler, morto em 27 de junho, aos 87 anos, talvez tenha sido o primeiro estudioso da revolução digital a ganhar da mídia o apelido de "futurista" ou "futurólogo", por suas especulações sobre a forma como a então incipiente tecnologia computadorizada mudaria pontos-chave da sociedade em que vivemos. Fruto direto do seu primeiro best-seller, a obra Choque do futuro, publicada em 1970. O livro apresentava o que Toffler considerava a marca dos anos que viriam com a progressão geométrica do conhecimento tecnológico: teríamos "um excesso de mudanças em um curto espaço de tempo", e daí se originaria o "choque" que ele previa no título. Para ele, a revolução da tecnologia digital produziria, no futuro, resultados semelhantes aos dos primeiros tempos da revolução industrial, incluindo aí estresse generalizado no universo dos trabalhadores da nova era: "O choque do futuro é a absoluta desorientação trazida pela chegada prematura do futuro. Pode muito bem ser a mais importante doença do amanhã... é um produto do ritmo grandemente acelerado das mudanças na sociedade". O livro vendeu milhões de exemplares e virou um documentário narrado por Orson Welles.