Em um ensaio de 1980 sobre o escândalo de um renomado curador de arte que havia se revelado um improvável espião soviético, o crítico George Steiner escreveu: "O erudito sai de seu isolamento retrospectivo para tentar se agarrar à vida sexual, social ou política. Salvo raros casos (...), a erudição obsessiva gera uma nostalgia pela ação". Esse paradoxo e seus desdobramentos, inclusive os mais ridículos, bem poderiam ter inspirado a estrutura de Quem matou Roland Barthes?, novo romance de Laurent Binet, que encena uma trama de espionagem no mais improvável dos ambientes: o mundo da alta semiologia no mesmo ano 1980 em que Steiner escreveu o artigo mencionado no início deste texto.
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