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É difícil precisar o alcance e a força de Liniker e os Caramelows, que fazem show nesta sexta-feira no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre, e neste sábado, no festival Morrostock, em Santa Maria. Analisar os números de Zero talvez seja a melhor forma de entender o fenômeno: 6,4 milhões de visualizações no YouTube, dezenas de covers de vários artistas e a catarse do público durante os shows do grupo quando Liniker pergunta, ao entoar o primeiro verso dessa balada romântica: "A gente fica mordido, não fica?".
– É lindo ver o quanto Zero toma conta das pessoas. A canção é simples, nasceu de um poema. As pessoas choram e se abraçam no show – vibra a vocalista, "bicha, preta e pobre", como a própria Liniker já se autodescreveu.
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Zero, ao lado de Caeu e Louise du Brésil, integra o EP Cru – as três já ultrapassam 10 milhões de visualizações no YouTube. Engana-se, contudo, quem pensa que o sucesso da banda foi algo inesperado.
– Quando sentamos para arranjar e produzir as letras que a Liniker trouxe, a gente viu que aquilo tinha um potencial. É lógico que não tínhamos como medir até onde chegaria – diz o baixista Rafael Barone. – O EP foi produzido com essa pretensão mesmo: queríamos que fosse um material forte e que chegasse nas pessoas.
Com o sucesso de Cru, a banda formada em Araraquara (SP) rodou o Brasil. Foram 80 shows em oito meses, um deles em Porto Alegre, em março deste ano.
– Foi impactante, por ter sido nosso primeiro show no Sul. A gente não esperava a repercussão, com todo mundo cantando as músicas – lembra Liniker. – Poder levar meu trabalho para esses lugares que a gente tem ido, do Pará a Porto Alegre, é muito doido. Nunca tinha viajado tanto, por questões de dinheiro. Nessas viagens, a gente aprende e amadurece a partir das relações com as pessoas.
Passado esse primeiro momento, o grupo entrou em estúdio para registrar o álbum de estreia, Remonta, lançado em setembro.
– É um disco de armadura, escrito por mim durante cinco anos, desde os meus 16, de pegar o que vivenciei, as ideias que tive, as angústias, os relacionamentos frustrados. E remontar, para que tudo isso me servisse de base – explica a cantora de 21 anos.
Confira em vídeo o sucesso Zero:
As letras de Remonta são românticas, mas, quando Liniker e os Caramelows começarem a apresentação desta sexta-feira, não restará dúvidas: trata-se de um show político.
– Somos mais do que uma banda. É um ato político a gente estar ocupando os espaços, mostrando que as coisas acontecem também no interior. É político uma mulher trans e preta estar ali cantando, com visibilidade, sendo representativa para as outras pessoas. É importante conseguir transformar essas coisas da gente e perceber que isso reverbera nas pessoas.
LINIKER E OS CARAMELOWS - REMONTA EM PORTO ALEGRE
Sexta-feira (2/12), às 20h. Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110). Ingressos: de R$ 35 (com 1kg de alimento não perecível ou um livro na entrada do evento) a R$ 70. Pontos de venda: pelo link bit.ly/IngressoLiniker ou no local do evento a partir das 19h.