
Dono de uma carreira incansável e de uma mente inquieta, Humberto Gessinger já tocou em grupo, em dupla e sozinho, já falou de amor e de revolta, subiu em palcos de barzinhos e estádios. Aos 52 anos, o músico segue no mesmo pique – tanto que atendeu a ZH em um estúdio, preparando seu novo trabalho.
A novidade é que Gessinger tirou um tempo para passar sua trajetória a limpo. Depois de Louco pra ficar legal, compacto em que regravou duas músicas do Engenheiros do Hawaii, está prestes a tirar do forno mais um EP, desta vez com regravações de composições feitas para outros artistas (veja na lista abaixo). Nesta quinta-feira, ele apresenta essas e outras músicas que fizeram parte de sua carreira, no Opinião, a partir das 22h.
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O envelhecimento das composições não assusta Gessinger, pelo contrário: ele vê a ação do tempo sobre suas músicas como um elemento transformador. Revisitar suas composições depois de anos pode fazer com que elas ganhem novas interpretações. Para o músico, trata-se de uma forma de reoxigenação:
– A matéria-prima da música é o tempo. Não só o tempo do compasso, dos três minutos da gravação, mas o tempo de 30 anos que age sobre a música. Tocando coisas que escrevi há algum tempo, aprendo muito sobre seus significados, sobre como aquele som bate nas pessoas. As músicas são seres vivos e servem como um espelho que me ajuda a sacar como eu estou – avalia.
De certa forma, ao usar o passado como um espelho para "sacar como as coisas estão", Gessinger acha também uma maneira de olhar para o futuro. Tanto que ele garante que os shows da turnê serviram não só para apresentar novas interpretações, mas também como um porto seguro em um momento de dificuldade:
– Este ano teve um tom cinzento, de desesperança, e eu estava em um momento muito cético quando lancei a turnê. Hoje vejo que aprendi muito e que ela me ajudou a sobreviver a 2016. Foi um navio surpreendentemente seguro para um mar bem revolto. Dependo muito da minha música, e ela ocupa um espaço muito grande na minha vida. Neste momento, agradeço que tenha minhas músicas para manter meu norte – confessa Gessinger, que completa dando sua visão sobre a importância da composição: – O músico escuta pelos dedos. Eu faço música porque é a maneira como eu entendo o mundo. É mais receber do que emitir, a emissão é só uma consequência.
O show desta quinta-feira será, portanto, mais do que uma chance de ver Gessinger interpretando os maiores sucessos de sua carreira. Servirá também para que os fãs possam captar o espírito do músico no palco e prever os possíveis próximos passos da mente inquieta do artista.
HUMBERTO GESSINGER
Quinta (8/12), às 22h.
Opinião (José do Patrocínio, 834).
Ingressos: R$ 170 (inteira, em segundo lote) e R$ 90 (promocional, mediante doação de 1kg de alimento não perecível). Pontos de venda: lojas Youcom Bourbon Wallig (sem taxa), Praia de Belas, Iguatemi, Bourbon Ipiranga, Barra Shopping Sul, Bourbon Novo Hamburgo e Canoas Shopping; lojas Multisom (Andradas, 1.001, e Bourbon São Leopoldo) e site minhaentrada.com.br/opiniao.
3 MÚSICAS REVISITADAS
As canções que Gessinger compôs para outros artistas e que estarão em seu novo EP:
O que você faz à noite
Parceria de Gessinger com o baixista André Palmeira, esta música faz parte do sexto disco do Barão Vermelho – lançado em 1988, momento em que a banda ainda cambaleava para se reerguer depois da saída de Cazuza. Além de uma parceria com Arnaldo Antunes (Lente) e de uma trilha de novela (Pense e dance, que entrou em Vale tudo), o disco tinha esse rock suingado, com teclados e guitarras grandiosas e vocal marcante de Frejat.
Olhos abertos
Em um álbum que tinha regravação de Mutantes e composição baseada em uma letra de Renato Russo, o Capital Inicial gravou também uma parceria com Humberto Gessinger: Olhos abertos é um típico rock brasileiro dos anos 1980, com bateria raivosa e riff de guitarra rasgante. No refrão, Dinho Ouro Preto canta: "Eu não quero sentir saudade de um futuro pela metade, de um futuro que já passou, levando caras que eu não sou".
Alexandria
Uma das composições de maior sucesso de Gessinger nos últimos anos, a faixa entrou no disco Troco likes, de Tiago Iorc, e acabou se tornando um dos principais trunfos do jovem cantor brasiliense. A balada em clima alegre, com refrão que diz “gente demais com tempo demais, falando demais alto demais, vamos lá, atrás de um pouco de paz”, ganhou clipe gravado na Avenida Paulista – o lugar foi anunciado minutos antes, e os fãs foram convocados a filmar o cantor com seus celulares.