Gustavo Brigatti
No final do ano passado, Laura Marling anunciou que seu próximo disco teria um viés feminista. Eu achei ótimo e, como imaginei, Semper Femina é um excelente disco, à altura das resenhas elogiosas e das alta cotações que vem recebendo. Só não imaginava que ele pudesse dizer tanto sobre mim.
Semper Femina é um disco sobre a mulher. Ou sobre mulheres. Seu título foi tirado de um trecho do poema épico Eneida, do poeta romano Virgílio, onde escreveu "varium et mutabile semper femina" (a mulher é sempre algo inconstante e mutável, numa tradução livre).
Leia as colunas anteriores
A distopia cinematográfica de Kiko Dinucci
The Baggios e Blocked Bones trazem o peso e a melodia do norte do Brasil
Nosso Querido Figueiredo é fascinante trabalho anti-pop e experimental
Para Laura, Virgílio tinha razão. Em Semper Femina, a cantora e compositora britânica se debruça sobre as nuances que compõe o universo feminino. Sua voz delicada, mas poderosa, emerge entre timbres duros e melancólicos (embora nunca tristes) para desenhar personagens que tratam de amor (Wild Fire), autoconfiança (The Valley), sororidade (Next Time), relações conturbadas (Don't Pass Me By), crescimento (Always This Way) e desejo (Nouel).