Quando se fala que o paulista Miguel Nicolelis é o cientista brasileiro mais cotado para receber um prêmio Nobel por seu trabalho na área da neurociência, a tendência é imaginá-lo como um homem hierático, uma estátua de seriedade e sisudez. Nada mais equivocado. Nicolelis, que abriu ontem a edição 2010 do Fronteiras do Pensamento, provou ser um entusiasmado mestre de cerimônias do futuro.
Veja como foi a cobertura no blog.
Com o auxílio de slides, vídeos e de uma desenvoltura de professor nato, ele apresentou para mais de mil pessoas no Salão de Atos da UFRGS os avanços obtidos por sua equipe na Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Avanços surpreendentes que proporcionaram à plateia a sensação de ver uma história de ficção científica se tornar realidade.
Depois de apresentar imagens de leituras de atividades cerebrais obtidas por sua equipe em primatas, Nicolelis demonstrou como esta tecnologia já está sendo testada para traduzir e codificar os impulsos neurais e devolvê-los a artefatos mecânicos, criando literalmente próteses controladas com o pensamento.
- A neurociência do século 21 tem o desafio de decodificar a sinfonia do cérebro e libertar o cérebro do corpo - disse na conferência de ontem.
Bem-falante e simpático, Nicolelis revelou-se palmeirense assumido e um defensor apaixonado da ciência como elemento de transformação não apenas da natureza física do mundo, mas da natureza social de um país. Médico com formação em neurologia, comentou que se sentia gratificado por estar na Capital pela primeira vez.
- Sempre quis conhecer Porto Alegre, mas nunca tive oportunidade. Lamento não ter mais tempo para ter contato com essa cultura que eu conheço dos livros de um dos meus heróis literários, Erico Verissimo - disse.
Nicolelis fez na Capital o elogio do que ele define como O Século do Cérebro. Incluído em um ranking da revista Scientific American como um dos 20 cientistas mais influentes do mundo, ele falou de ciência, de sua importância na globalização e também do Instituto de Neurociência de Natal, criado para transformar o Nordeste em um polo do conhecimento.
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