Whitney Houston - encontrada morta neste sábado em um quarto de hotel em Beverly Hills - é um caso clássico de diva trágica. Talento precoce, foi descoberta quando criança e conheceu fama e fortuna recém-saída da adolescência. Tornou-se uma mania mundial por uma década e meia, onipresente no rádio, TV e cinema, ajudando a engordar os já abarrotados cofres da então riquíssima indústria da música.
Artista de números respeitáveis, ganhou meia dúzia de Grammy, teve milhões de discos vendidos e frequentou dezenas de vezes o topo das paradas de sucessos. Também foi influente: não houve cantora de r'n'b nos últimos 25 ou 30 anos que não tenha dado uma bicada no ponche onde ela nadou de braçada, cuja receita previa a dose certa do talento das estrelas do jazz e do soul com o apelo pop necessário para tocar sem parar no rádio.
Mas essa bebida também possuia um prazo de validade curto, aliado a um perigoso nível de toxidade. Quando o sucesso começou a rarear, os abusos por drogas e bebidas começaram a cobrar seu preço. E logo a voz que havia marcado uma geração tornou-se mais conhecida pelo comportamento errático e os escândalos que protagonizava em público. Com sua morte, é possível que uma outra geração conheça o que realmente interessava em Whitney: sua voz.
