Fábio Prikladnicki
Assim como um ringue, o palco da peça O Coração de um Boxeador é cenário de um duelo. A montagem gaúcha do texto do dramaturgo alemão Lutz Hübner coloca frente a frente Léo (Sirmar Antunes, de volta ao teatro depois de duas décadas), um ex-pugilista que mora em um asilo, e Jojo (Paulo Rodriguez), um garoto obrigado a pintar as paredes do quarto de Léo como compensação por um delito.
O texto de Hübner, autor nascido em 1964 e radicado em Berlim, foi montado em 2010 em São Paulo, dirigido por Amauri Falseti, com Flávio Porto e Rogério Modesto. Aqui, recebe tratamento do encenador Celso Veluza, conhecido na Capital por seu trabalho com o teatro do oprimido de Augusto Boal.
Na peça, em cartaz até domingo (27/05), Jojo é um rapaz prepotente e revoltado que ridiculariza Léo até descobrir seu passado de glória nos ringues. A partir daí, as coisas mudam. A admiração do jovem se transforma em parceria para uma tentativa de fuga do asilo. O duelo entre experiência e juventude passa do plano do drama para o da atuação: é visível a distância que separa o veterano Sirmar Antunes de Paulo Rodriguez. Cabe a este a exigente tarefa de dar o tom do espetáculo logo nos primeiros minutos, em que apenas seu personagem fala - Léo ouve tudo silenciosamente.
Há bons momentos na montagem. O drama pende, por vezes, para o sentimentalismo, reforçado pela trilha sonora de Yanto Laitano, e, em outros momentos, para o deboche, como na cena em que Léo experimenta um disfarce feminino e tenta caminhar com sapatos de salto alto. O que fica, ao final, é um encontro emotivo - mesmo que sem a força de um grande duelo - sobre as diferenças entre gerações.
O CORAÇÃO DE UM BOXEADOR
> Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h e às 20h. Até 27/05.
> Auditório do Instituto Goethe (24 de Outubro, 112), fone (51) 2118-7800, em Porto Alegre.
> Ingressos: R$ 15. Desconto de 50% para estudantes e idosos e de 20% para titular e acompanhante do Clube do Assinante.
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