
Não tem nem cinco anos que o bar Tutti Giorni causa alvoroço no viaduto da Borges de Medeiros nas noites de terça-feira.
- Se o fenômeno de público é recente - diz o cartunista Santiago - o sucesso de crítica é bem anterior.
Esse sucesso se deve às "viandas" de Ernani Marchioretto e à capacidade do fotógrafo e jornalista Emílio Pedroso, sócio de Nani originalmente, angariar gente de seu meio. Mais recentemente, à simpatia e à dedicação do - segundo Santiago - "misto de artista plástico e barman" Guilherme Moojen.
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No princípio, quem tocava o bar com Nani e Emílio era Espedito Marchioretto, o Mussa (porque era natural de Muçum/RS), pai de Nani e cozinheiro responsável pelo bife à parmegiana que fazia a cabeça dos frequentadores.
Mussa morreu em 1990, mesmo ano em que o "homem de perto" Oscar Simch (que é irmão de Edgar Vasques) começou a organizar leituras de poesia, todos os sábados, no Tutti.
- Era um sarau antes de os saraus voltarem a ser populares - lembra Emílio.
A história tinha até nome, Prosa e Verso, e participantes constantes, como o escritor e psiquiatra Celso Gutfreind e os jornalistas José Weiss e José Antônio Silva (também irmão de Vasques e de Simch).
Cartunistas gaúchos e Ziraldo no bar
Foto: Emílio Pedroso/Agência RBS
Logo a fama do Tutti estava feita, cartunistas de fora faziam visitas a todo instante e até personalidades inesperadas surgiam do nada - como a cineasta Tizuka Yamazaki, "uma japonesa que apareceu sozinha certa vez sem que soubéssemos quem era", relata um frequentador assíduo, pedindo para não ser identificado.

As duas principais marcas do bar, o carreteiro a R$ 1,99 e o encontro semanal dos cartunistas, independentemente de onde o Tutti for fixado a partir de julho, vão continuar. Seguirá, igualmente, o bom humor a que o bar será sempre associado. Ainda bem. A popularidade em outro ponto é algo que terá de vir com o tempo.