
A fama de encrenqueiro, beberrão e mulherengo parece que ficou para trás mesmo: a imagem que Colin Farrell passou quando esteve no Rio no começo de julho divulgando O Vingador do Futuro (leia a crítica do filme aqui) foi a de um sujeito tranquilo, simpático, divertido - e tímido. Quando perguntado sobre o que achava de ser um símbolo sexual, o ator irlandês de
36 anos ficou visivelmente desconcertado, baixou o olhar e gaguejou:
- Não faço a menor ideia. Eu... eu realmente não me sinto de forma alguma como um
sex symbol. Cara, fiquei até ruborizado! (risos.)
Confira a entrevista que o astro de filmes como O Novo Mundo (2005), Miami Vice (2006) e O Sonho de Cassandra (2007) concedeu a Zero Hora:
Zero Hora - Você poderia falar sobre seu personagem em O Vingador do Futuro?
Colin Farrell - Interpreto um homem com o nome de Doug Quaid, que descobre logo no início do filme que, na verdade, não é Doug Quaid. Esse não é seu nome, as memórias que ele parece ter da vida que viveu até aquele ponto não são de fato memórias suas, elas foram fabricadas. Basicamente, no primeiro pedaço do filme ele descobre que não é quem pensou ser sua vida inteira. Ele está sendo perseguido e vai tentando descobrir quem é, o que é, no que acredita, o que sente. É um homem simples, no início do filme, com uma esposa muito glamourosa. Mas vive em um apartamento simples, com um espaço pequeno, tem um emprego do qual não gosta muito.
ZH - Quais são as diferenças entre as duas versões do filme?
Colin - Acho que a grande diferença é o estilo. Tem grandes mudanças. No primeiro filme, eles vão para Marte, a metade ou a última parte do filme se passa naquele planeta, que foi colonizado. No novo filme, há uma colonização em processo, mas ele se passa toda na Terra. E acho que a grande diferença entre este filme e o original é o estilo, há uma grande mudança no tom. Este é mais...
ZH - Mais sombrio?
Colin - Pode ser mais sombrio... É mais... Acho que é mais emocional. Não é uma coisa concreta, mas acho que este é mais emocional. Não tem o senso de humor, que adorei no original, mas não o tem intencionalmente, foi para outra direção. Então, é mais direto.
ZH - Você fez suas próprias cenas de ação?
Colin - Tantas quantas pude, sim. Tive um grande dublê, que me ajudou muito nisso também. Mas fui à academia e me alimentei de maneira inteligente, com comida de qualidade. Morria no treinamento, corria muito, entrei muito em forma, nunca estive tão em forma como fiquei. Sabia que seria uma filmagem longa, de cinco ou seis meses.
ZH - Você atuou no filme com duas belas atrizes, Jessica Biel e Kate Beckinsale. Você lutou com elas e até beijou Kate, que é mulher do diretor Len Wiseman.
Colin - Eu sei, sinto muito, cara. Você me faz sentir mal por ter feito isso. Não devia ter sido tão descuidado. Só fiz o que pediram no roteiro. Foi meio desconfortável beijar a mulher do diretor.
ZH - Ah, é?
Colin - Um pouquinho, um pouquinho. Mas foi só um beijo, eu não fui além do beijo. O diretor estava em cima: "OK, rápido! Vamos lá, temos que seguir!".
ZH - Que tipo de filme inspira você?
Colin - Vi outro dia aquele filme iraniano A Separação. Não me lembro de ter visto um filme melhor na vida. É uma mistura de simplicidade com complexidade que me arrebatou. É tão emocionante e assustador, ver como se estrutura aquela sociedade, que não conheço, mas na qual você consegue vislumbrar as regras e a vida. Fiquei chocado em como o filme é simples! O Artista também me tirou o fôlego. Às vezes, os seres humanos são as histórias. Seres humanos são o que interessa, não o que eles fazem, mas como o que eles fazem afeta os outros.