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Desde a primeira demo, lançada em 2001, a Fresno se inventou rumo ao Infinito.
É este o nome do disco que a banda porto-alegrense acaba de lançar - e que tem a missão de reafirmar o alcance de sua música sem a interferência de uma grande gravadora.
- É um disco sobre superação, sobre ser maior do que si mesmo para ser maior do que os problemas que se colocam na tua frente - resume Lucas Silveira, vocalista, principal compositor do quarteto e ídolo de milhares de jovens que encontram em suas canções um oásis de entendimento no deserto aflitivo da adolescência.
Infinito marca o momento em que a Fresno assume o controle total da carreira. Distribuído pelo selo Tratore, é o primeiro álbum completo dos gaúchos após o rompimento com o empresário e produtor Rick Bonadio, em cujo estúdio, o Midas, eles gravaram Redenção (2008) e Revanche (2010), lançados pela Universal. Também é o primeiro disco sem Rodrigo Tavares, baixista que deixou o grupo recentemente para dedicar-se ao projeto Esteban. As novidades têm reflexos em Infinito.
- Estávamos apreensivos com o lançamento, existia uma pressão dos fãs por Tavares ter saído da banda - conta Lucas. - Mas, ao mesmo tempo, ficamos confiantes. Foi muito a hora do "vamos ver".
Com 13 anos na estrada, a Fresno lança seu disco mais pesado. Não apenas pelas distorções. Pesam as referências, as muitas camadas de instrumentos, a experiência acumulada. Infinito é muito mais adequado às largas arenas em que a banda se apresenta desde que ganhou projeção nacional, em 2007, do que aos inferninhos dos tempos de underground. O som aponta para o épico e grandioso. Muitas vezes tenso, como na abertura Homem ao Mar, ainda que terno, como no encerramento de Vida (Biografia em Ré Menor) - rejeitada por Bonadio em Revanche.
Gravado "sem taxímetro ligado", ao longo de quatro meses, Infinito contou com longas horas dedicadas à mixagem cuidadosa. A Fresno de 2003, que rodava o país com apropriações adocicadas do hardcore melódico californiano, é ao mesmo tempo presente e distante. O som é construído sobre os teclados e sintetizadores de Mário Camelo, a bateria de Rodrigo Ruschell e a guitarra de Gustavo Mantovani. Produtor do disco, Lucas pode fazer sua música também mais íntegra:
- Dei vazão a coisas que eram canalizadas em projetos paralelos. Do Beeshop, consegui aplicar muita coisa do piano e do jeito de cantar. Com a coisa de música eletrônica (do projeto solo SIRsir), aprendi muito sobre produção e sintetizadores.
Cada instrumento tem seu espaço na sonoridade épica de Infinito, que remete a Muse e tem em comum com a banda britânica a inspiração em música erudita e trilhas sonoras. O lançamento do disco se assemelhou a uma estreia de filme fenômeno adolescente: Infinito ganhou o mundo à 0h01 do dia 1º de novembro, pela mesma porta através da qual a Fresno tomou jovens do país inteiro de assalto quase uma década atrás: a internet. Nesta sexta, será lançado na Capital, com show na Saideira Atlântida.
Infinito, a faixa título, também ganhou clipe em julho. Quase 850 mil pessoas já assistiram, pelo YouTube, ao vídeo em que um grupo de garotos encarna os integrantes da Fresno, sonhando em conquistar o espaço sideral.
- Gastei tudo o que ganhei em direito autoral com aquele clipe - conta Lucas.
Com trilha e vídeo nas mãos, a Fresno dá sequência a sua aventura. Mais do que protagonistas, dessa história eles são os próprios autores.