Marcelo Perrone
Gilberto Gil está na estrada para celebrar, aos 70 anos, uma carreira rica em sua diversidade e fundamental para compreender a força da música popular brasileira. Os ingressos para o show deste domingo em Porto Alegre, às 20h, no Teatro do Sesi, estão esgotados. Sorte de quem garantiu seu lugar, pois vai ver e ouvir Gil passar em revista sua trajetória, acompanhado pela Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba).
O espetáculo Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo é o mesmo que o baiano registrou em maio de 2012 em CD e DVD, com o Theatro Municipal do Rio de Janeiro como cenário, ao lado da Sinfônica Petrobras e sob a direção do cineasta Andrucha Waddington. O repertório pinça faixas representativas de 50 anos de palco, entre elas muitos clássicos gravados por Gil.
Ele relembra canções seminais compostas quando era um recém-chegado a São Paulo (Eu Sou da Bahia), estandartes do Tropicalismo (Domingo no Parque e Panis et Circenses), memórias do exílio (Expresso 222 e Oriente) e ainda presta homenagens a seus mestres com releituras de Dorival Caymmi, Tom Jobim e Jimi Hendrix. Gil também apresenta uma música nova, composta em 2012, Eu Descobri.
Abaixo, destacamos canções do show que são representativas destas cinco décadas ilustradas por 57 discos no catálogo e oito prêmios Grammy na estante. Bossa nova, samba, baião, bolero, psicodelia e ritmos que o artista pescou nas suas andanças por Brasil, Londres, Jamaica, Cuba e África ganham uma nova roupagem nessa máquina musical que Gil, em sua retomada artística após os anos como ministro da Cultura, mantém azeitada e girando como uma animada roda de capoeira.
Década de 60
Na vida
Formado em administração de empresas, Gilberto Gil chega a São Paulo, em 1965, para trabalhar na Gessy Lever, mantendo em paralelo a carreira musical. Destaca-se no programa O Fino da Bossa, de Elis Regina, e é contratado pela gravadora Philips, deixando o emprego em 1966. Apresenta na TV Excelsior o programa Ensaio Geral e lança o primeiro LP, Louvação (1967). Em 1969, parte para o exílio em Londres, com o amigo Caetano Veloso.
No show
O repertório traz uma de suas primeiras composições, Eu Vim da Bahia. Mostra ainda dois clássicos da Tropicália: Domingo no Parque, que apresentou com Os Mutantes no Festival da Record de 1967, e Panis et Circenses (do disco coletivo de 1968). Outra dessa época é Futurível, composta na prisão, em 1969.
Década de 1970
Na vida
Grava em Londres, em 1971, um disco em inglês. De volta ao Brasil, busca inspiração em novos ritmos viajando por países como Jamaica e Nigéria. Lança a aclamada trilogia formada pelos discos Refazenda (1975), Refavela (1977) e Realce (1979). Em 1976, participa com Caetano, Gal Costa e Maria Bethânia do projeto Os Doces Bárbaros, registrado em disco ao vivo e filme.
No show
Canta Up From the Skies, cover de Jimi Hendrix registrado no disco londrino, e duas canções de Expresso 2222 (1972), primeiro disco gravado após o exílio: a faixa título, que reflete as experiências lisérgicas da Swinging London, e Oriente, composta durante uma passagem por Ibiza, na Espanha, então um paraíso hippie universal. De
Refazenda, Gil toca Lamento Sertanejo, parceria com Dominguinhos.
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