
Humberto Gessinger não pode precisar exatamente a data da criação de Infinita Highway, mas sabe que remonta a sua adolescência.
Concebida como uma metáfora para a "estrada da vida", a música é também o ponto de partida da série Ao Pé da Letra - e a primeira composição cujos significados e inspirações o leitor pode explorar, também como espectador, pelo site zhora.co/pedaletra1.
"Infinita Highway" estreia série Ao Pé da Letra, que conta as histórias por trás das letras do pop rock gaúcho
Sentado na sala de seu apartamento, no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, Gessinger, 49 anos, se esforça para se aproximar de velhas lembranças. Ao seu lado, ele tem um violão, que abraça como um velho amigo.
- Me chama atenção por que diabos usei a palavra "highway". Acho que minha highway é mais vinculada à (música) Estrada da Vida, de Milionário e José Rico, e à nossa Freeway de ir à praia, do que à highway mitológica dos americanos - analisa Gessinger.
É desse período, de meados dos anos 1980, que data Infinita Highway. Registrada no segundo disco dos Engenheiros do Hawaii, A Revolta dos Dândis (1987), a música foi um dos maiores sucessos do álbum.
- Apesar de não ser o single do disco, chegamos a fazer alguns (programas) Globos de Ouro com ela. Era a parada de sucessos da época - lembra Gessinger, para quem a mística da canção se deve ao fato de ela ter tocado muito em rádio. - E era uma música longa (mais de 6 minutos), lembro que ela ultrapassava os limites dos cartuchos de fita que tocavam na rádio.
Infinita Highway coloca sobre uma base musical progressiva reflexões existencialistas inspiradas por Sartre e Camus.
- Eu tinha esses fragmentos escritos desde o início da adolescência. Falava muito do meu momento, de mudança de vida, aquele questionamento, será que sou um músico profissional, será que sou um estudante de arquitetura? - lembra Gessinger.
Quando Infinita Highway tomou as FMs de assalto, o questionamento de Gessinger já estava solucionado.