
Em 1997, um disco fez a boa música cubana tocar de novo nas rádios. O álbum do Buena Vista Social Club apresentou ao mundo patrimônios da cultura caribenha como os músicos Compay Segundo, Rubén González e Ibrahim Ferrer.
Passados 16 anos dessa explosão, o grupo mais popular de Cuba vem mostrar em Porto Alegre seu suingue irresistível, neste domingo, às 19h, no Auditório Araújo Vianna.
Batizado em homenagem à casa noturna de Havana para onde convergia a nata dos músicos da ilha nos anos 1940, o Buena Vista Social Club reuniu artistas veteranos - alguns esquecidos há décadas em seu país. O sucesso internacional da orquestra (em espanhol, "orquesta") organizada pelo músico cubano Juan de Marcos González e pelo guitarrista americano Ry Cooder ganhou impulso com o filme homônimo dirigido em 1999 pelo cineasta alemão Wim Wenders - o documentário foi indicado ao Oscar da categoria.
Em turnê pelo Brasil, a formação atual da Orquesta Buena Vista Social Club inclui três músicos do combo original: o trombonista e diretor musical Jesús "Aguaje" Ramos, Barbarito Torres ( "o talentoso do alaúde") e o trompetista Guajiro Mirabal - que completa 80 anos justamente neste domingo. O grande destaque, porém, é a participação da cantora Omara Portuondo, que vai cantar clássicos como Quizás, Quizás, Quizás, Chan Chan, El Cuarto de Tula e Dos Gardenias. Os ingressos custam de R$ 130 a R$ 250.
ENTREVISTA: Jesús "Aguaje" Ramos, trombonista e diretor musical da Orquesta BVSC
Zero Hora - Depois de 15 anos do lançamento do disco do Buena Vista Social Club e do filme, o que mudou para vocês e para os músicos cubanos em geral?
Jesús "Aguaje" Ramos - Sempre dissemos que ninguém esperava o sucesso do filme, mas foi uma oportunidade de mostrar nossa cultura musical para o mundo. Além de ter sido, para nós, uma oportunidade de fazer o que amamos, que é tocar música.
ZH - Como você definiria o som particular do Buena Vista?
Aguaje - Tocamos música tradicional cubana: son, guajiras, montunos, para citar alguns estilos. Simplesmente olhamos para nossa rica tradição musical e as experiências particulares de cada músico para recriar o som.
ZH - Você já tocou e gravou com mitos da música cubana como Rubén González, Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo. Que lembranças tem de trabalhar com esses ídolos?
Aguaje - Só se pode agradecer por ter tido essa sorte. Que meu instrumento acompanhe a voz de grandes como Omara Portuondo ou Ibrahim Ferrer, é uma honra.
ZH - Muito se fala das semelhanças entre a música de Cuba e a do Brasil. O que você pensa sobre isso?
Aguaje - Pois é uma afirmação correta. É verdade que cada música tem sua tradição e expressão concreta, mas tanto a música cubana quanto a brasileira bebem da mesma fonte, assim que não é de se estranhar que nos sintamos em alguns aspectos como que irmãos. Admiramos a imensa tradição musical que tem o Brasil. Tivemos a oportunidade de colaborar com alguns artistas, como foi o caso de Vanessa da Mata, que cantou em nosso concerto na última vez em que estivemos no Brasil, ou o caso de Omara Portuondo, que gravou com Maria Bethânia e Chico Buarque.
ZH - O Buena Vista vai gravar outro disco de estúdio algum dia?
Aguaje - Nos encantaria regressar ao estúdio para gravar novos temas, alguns deles já tocamos nos shows. Mas só o destino sabe quando será.
REPERTÓRIO DO SHOW
> El Carretero
> Rincón Caliente
> Santa Lucia
> De Camino a la Vereda
> El Ruiseñor de Guateque
> Bodeguero
> Señor Trombon
> Bemba Colorá
> El Carbonero
> Cemento, Ladrillo y Arena
Com Omara Portuondo
> El Amor de Mi Bohío
> Tres Palabras
> Las Mulatas en Cha Cha
> No Me Llores Más
> Veinte Años
> Quizás, Quizás, Quizás
> Chan Chan
> El Cuarto de Tula
> Dos Gardenias
> Candela