
Quando o hino da Sociedade Partenon Literário começa a ser tocado no aparelho de som, os 19 membros da reunião já estão de pé. Alguns baixam a cabeça, em respeito, outros olham para a surrada flâmula pendurada na parede, pensativos. Assim que a música cantada por uma voz feminina empostada termina, o presidente Benedito Saldanha anuncia:
- Sejam bem-vindos a este momento de magia, integração e cultura.
Dessa maneira são abertas as reuniões do Partenon Literário, agremiação intelectual gaúcha que se reúne mensalmente e comemora nesta terça-feira 145 anos de sua data de fundação - a sociedade foi retomada em 1997, depois de mais de um século sem atividades. Uma palestra aberta ao público, no Solar dos Câmara (Duque de Caxias, 968), a partir das 16h de terça, marca a celebração.
A história da instituição começa em 1868, quando literatos como Apolinário Porto Alegre, Caldre Fião e Aurélio Bitencourt se reuniram para promover e discutir a obra de autores gaúchos e a produção cultural do Estado. A data é anterior, por exemplo, à criação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, e da Academia Rio-Grandense de Letras, em 1901. A primeira fase do Partenon durou até 1885, data do último registro de suas atividades, conforme conta Benedito em seu livro A Mocidade do Parthenon Literário, de 2003. Em 1997, liderada pelo tipógrafo aposentado Serafim de Lima Filho, uma nova geração de intelectuais decidiu retomar a instituição.
- Era uma história que não podia ficar na prateleira de uma biblioteca, pegando pó - conta Serafim, hoje nomeado presidente vitalício pelos outros membros.
Atualmente, são 165 associados, entre advogados, médicos, militares e professores aposentados que se dedicam a promover encontros de escritores, divulgar a literatura do Estado, montar uma biblioteca própria e estabelecer laços entre intelectuais e a população, através de visitas a escolas.
A sede provisória do Partenon Literário é uma sala úmida, com não mais de 40 m², emprestada pelo Instituto Cultural Português, no bairro Azenha. Benedito, um funcionário público com cargo administrativo no DMAE, de impecáveis cabelos pretos (algo notável numa reunião em que quase todos têm mais de 60 anos), preside o grupo há quatro anos. Orgulha-se de comandar uma instituição composta por integrantes em média 20 anos mais velhos do que ele.
Seu principal objetivo para um provável terceiro mandato é conseguir reunir o Partenon Literário em um espaço próprio. O primeiro passo, um ofício enviado ao secretário de Cultura do Estado, Roque Jacoby, já foi dado.
Programe-se
> Nesta terça, a partir das 16h, a Sociedade Partenon Literário faz uma reunião especial em comemoração aos 145 anos de fundação, no Solar dos Câmara (Duque de Caxias, 968).
> Cyro Martini, o primeiro sócio da instituição depois de sua reabertura, vai dar uma palestra sobre o escritor Aquiles Porto Alegre, um dos fundadores do Partenon original.
> No dia 25 de junho, o grupo faz sua reunião mensal, às 19h, no Instituto Cultural Português (Plácido de Castro, 154), também aberta ao público.
A história
> Em 18 de junho de 1868, intelectuais gaúchos como Apolinário Porto Alegre, Aquiles Porto Alegre, Hilário Ribeiro e Caldre Fião se reuniram para discutir e promover a cultura das letras do Estado. Estava fundada a Sociedade Partenon Literário.
> O último registro dos encontros desse grupo data de 1885.
> Em 1997, Serafim de Lima Filho reúne outros amantes da literatura no Partenon Tênis Clube e decide refundar a Sociedade Partenon Literário, que segue em atividade desde então.