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A expectativa é de roda de pogo girando a mil por mais de duas horas na festa punk que celebrará os 30 anos d'Os Replicantes, nesta segunda-feira (9/12) à noite, no Bar Opinião (José do Patrocínio, 834), em Porto Alegre.
Uma das mais simbólicas e queridas banda do rock gaúcho promete um encontro memorável - e que deve ser único - com todos os integrantes de suas diferentes formações.
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Está marcada para as 21h a reunião de Wander Wildner (vocal), Cláudio Heinz (guitarra), Heron Heinz (baixo), Carlos Gerbase (bateria), quarteto da formação clássica da banda, Luciana "Luli" Tomasi (teclado e vocal), sócia fundadora oficializada como integrante no fim dos nos 1980, e Cleber Andrade (bateria) e Julia Barth (vocal), os companheiros dos Heinz na fotografia atual.
- É uma trajetória muito gratificante, e eu me orgulho nunca termos deixado a banda morrer - diz Cláudio, que no correr destes 30 anos segurou no muque, ao lado do irmão Heron, a jornada de fúria e diversão da banda. - Resistimos às épocas de baixa, aos modismos, aos baques das saídas do Wander e do Gerbase, porque esse é um prazer que sempre se renovou. Nunca ficamos com a sensação de estarmos insistindo em levar Os Replicantes adiante. Curto muito a atual formação. O melhor momento é sempre agora.
Segundo Cláudio, a entrada de Julia, em 2006, foi fundamental para renovar o fôlego da banda:
- Nosso público se renovou. Tem muita garotada nos shows. E, por causa da Julia, agora tem muito mais meninas na plateia.
Na banda desde 2006, quando Wander saiu pela segunda vez para tocar sua carreira solo, Julia era bebê quando os Replicantes fizeram seu primeiro show, no bar Ocidente, em 16 de maio de 1984 - o grupo existe oficialmente desde novembro de 1983, quando fizeram tremer uma garagem da Rua Marquês do Pombal.
- Quando Os Replicantes surgiram, os grupos punks focavam no protesto social. Embora também falássemos disso, nós tínhamos como diferencial as letras mais narrativas e a sintonia com a cultura cyberpunk - destaca Gerbase.
Do nome inspirado no cultuado filme de ficção científica Blade Runner (1982) ao uso pioneiro dos recursos gráficos de computador nos videoclipes, a banda se projetava num futuro chamado Vortex, nome do selo próprio pelo qual lançarem o primeiro compacto, em 1985 (com Nicotina e Surfista Calhorda) e do estúdio/bar/produtura que mantiveram por um ano na Avenida Protásio Alves, antológico ponto de encontro e lançamento de muitas bons nomes do rock gaúcho.
O Futuro É Vortex, primeiro LP, foi lançado em 1986, sob contrato da gravadora RCA. Wander saiu após gravar Histórias de Sexo e Violência (1987), com Sandina e Festa Punk, e Papel de Mau (1989). Gerbase assumiu o microfone, e Cleber deixou de ser produtor dos amigos para assumir as baquetas. Após dois discos de estúdio, Gerbase sai em 2002, e Wander volta, ficando até 2006 - come ele, foram mais três discos e uma turnê pela Europa.
O repertório do show desta segunda-feira deve ter 38 faixas, apresentadas sem ordem cronológica. Começa com a atual formação, e aos poucos vão circulando os convidados especiais.
- Eu e o Cláudio vamos tocar quase o show inteiro - diz Heron - Vamos dar uma descansa apenas quando o Gerbase e a Luli tocarem Clones de Stallone (do disco Androides Sonham com Guitarras Elétricas, de 1991). O legal é que temos músicas que não são dos primeiros discos que o público canta junto do começo ao fim, como Eu Quero É Mucra (de Go Ahead, de 2003), e Maria Lacerda e Alguém Explica, do álbum gravado com Julia, Os Replicantes 2010.
A banda, explica Heron, sempre representou, acima de tudo uma satisfação pessoal:
- O Wander era o único que tinha a vocação para viver só de música e saiu para cuidar da sua carreira solo. A gente teve proposta para ir morar no Rio, mas eu, o Cláudio e o Gerbase nunca pensamos em abrir mão de nossos trabalhos.
Heron é funcionário público, Cláudio trabalha com iluminação de eventos e espetáculos, e Gerbase é professor universitário e cineasta e sócio de uma produtora de filme com Luli, sua mulher.
- Fiquei muito triste quando tive de sair. Sonhava com a banda todos os dias. Tenho com Os Replicantes uma ligação emocional, catártica. Não esqueci nenhuma letra. E meu velho macacão é capaz de fazer o show sozinho - brinca Gerbase.
> Confira clipe de Surfista Calhorda:
> Clipe de Nicotina:
> Clipe de Festa Punk:
> Clipe de Maria Lacerda:
> Trecho de show no Bar Opinião, em Porto Alegre: