O filme Azul é a Cor Mais Quente, do diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, virou febre entre debatedores e cinéfilos nas redes sociais e fora delas. Podia ser mais um filme sobre identidade de gênero, como outros exemplares que já estiveram em cartaz na Capital, mas vai além, é uma produção que une esse questionamento de identidade com um ensaio preciso sobre o amor e sua perda. É um retrato incisivo dos efeitos da passagem do tempo, dos segredos, da incompreensão em relação ao outro na relação de duas jovens que descobrem a explosão da sexualidade. O desejo feminino, tão pouco explorado e entendido na ficção, é trabalhado com um erotismo delicado e verdadeiro. No filme, o azul representa a liberdade, relação também presente na bandeira francesa (associação já muito bem aproveitada no cinema por Kieslowski) e pontua toda a história. Talvez não seja exagero afirmar que, dentro de alguns anos, Azul é a Cor Mais Quente será visto como marco de uma geração.