Gustavo Brigatti
Joan Baez estreia em Porto Alegre nesta quarta-feira, às 21h, no Auditório Araújo Vianna. Em um show que promete ser histórico, a cantora apresentará as músicas que a tornaram uma das musas da contracultura e intérprete de uma geração. Reviva as várias facetas da trajetória desta mítica artista.
O fator Bob Dylan
Joan Baez já era considerada um dos grandes nomes da música folk e uma celebridade nacional nos EUA quando conheceu Bob Dylan, nos idos de 1960, em Nova York. Na época um aspirante a cantor e compositor, Dylan foi apresentado ao grande público por Joan em 1963, durante o Newport Folk Festival. Os dois namorariam até meados de 1965, quando romperam o romance, mas mantiveram a parceria musical - Joan gravaria um disco só com canções de Dylan (o bonito Any Day Now, 1968) e, mais tarde, sairia com ele na turnê Rolling Thunder Revue, entre 1975 e 1976.
Censura no Brasil
Em 1981, Joan Baez viajou à América Latina para uma turnê em favor dos direitos humanos. Vivendo sob ditaduras militares, Brasil, Chile e Argentina não receberam muito bem a cantora - na verdade, ela sequer conseguiu se apresentar oficialmente nos países. Por aqui, a cantora estava pronta para subir ao palco do Teatro da Tuca, em São Paulo, quando foi impedida de cantar por agentes da repressão. Mesmo assim, deu um jeitinho e cantou, a capela, no meio da plateia, que lotava o espaço. Na viagem ao Brasil, Joan almoçou com o então líder sindical Lula, dançou baião no Rio de Janeiro e ficou amicíssima do jovem político Eduardo Suplicy - que, segundo ele, só não avançou para a segunda base por fidelidade a Marta, sua mulher na época.
Crooner do folk
A discografia de Joan abraça todo tipo de música, de todos os gêneros e idiomas - tudo, evidentemente, convertido para o folk. Ganharam releituras desde clássicos do rock - como House of the Rising Sun (sucesso com os Animals), Babe, Im Gonna Leave You (Led Zeppelin) e Eleanor Rigby (Beatles) - a canções folclóricas (The Trees They Grow So High e Wagoners Lad). Ela também regravou de Johnny Cash (I Still Miss Someone) a Heitor Villa-Lobos (Bachianas Brasileiras No. 5: Aria), passando por Stevie Wonder (Never Dreamed Youd Leave in Summer) e Violeta Parra - esta, homenageada em um álbum cantado todo em espanhol e que leva o nome de um dos maiores sucesso de Violeta, Gracias A La Vida (1974). Na atual turnê, Joan tem cantado canções em inglês, espanhol e até português - Cálice, de Chico Buarque, é presença constante no repertório.
Ativismo político e social
Engajamento é palavra de ordem para Joan Baez. Sua música, desde sempre, tratou de temas políticos e sociais em voga. Por isso, a cantora marcou presença em movimentos civis cruciais desde os anos 1960. Joan cantou e discursou na célebre Marcha sobre Washington, liderada por Martin Luther King em 1963 em sua luta pelos direitos civis, foi presa duas vezes protestando contra a Guerra do Vietnã em 1967, organizou concertos beneficentes em apoio à luta dos homossexuais na década de 1970, veio para a América Latina em 1981 para cantar pelos Direitos Humanos, viajou a Sarajevo nos anos 1990 para expor o horror da guerra na Bósnia e, em 2003, organizou concertos contra a Guerra do Iraque. O avançar da idade não a deteve: em 2011, aos 70 anos, cantou no acampamento do movimento Occupy Wall Street, em Nova York.
Produção a passos lentos
Nos anos 2000, Joan tirou o pé do acelerador. Embora não tenha parado de fazer turnês e participado de protestos aqui e ali, a cantora diminuiu o ritmo de sua produção musical - seu último trabalho de estúdio é de 2008, Day After Tomorrow (com canções de Tom Waits, Elvis Costello e T Bone Burnett). Joan costuma dizer que passa a maior parte de seu tempo em sua casa, em Woodside, na California, pintando, meditando e se preparando para eventuais turnês. E que um próximo disco está em gestação, mas não há repertório fechado ou previsão de lançamento.
SERVIÇO
Joan Baez no Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685). Ingressos a R$ 200 (plateia baixa lateral) e R$ 230 (plateia baixa central). Desconto de 25% para sócio do Clube do Assinante nos primeiros 200 ingressos (somente pela telentrega) e de 10% nos demais. Pontos de venda: bilheteria do Teatro do Bourbon Country, de segunda a sábado, das 14h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h; agência Brocker Turismo (Av. das Hortênsias, 1.845 - Gramado), de segunda a sábado, das 9h às 18h30min, e feriados das 10h às 15h; bilheteria do Oi Araújo Vianna, na data da apresentação, a partir das 14h; pelo Call Center 4003-1212, de segunda a sexta, das 9h às 21h; pela telentrega Ingresso Show 8401-0555, de segunda a sexta, das 9h às 19h; e pelo site www.ingressorapido.com.br (há cobrança de taxas no site, no call center e na telentrega). Amanhã, às 21h.