
Bandas independentes do mundo estão em um impasse com a gigante da tecnologia Google. Tudo por conta de um termo do contrato de um serviço de streaming que a empresa deve lançar ainda neste ano, que provavelmente se chamará MusicPass. O que está em jogo é o conteúdo de diversos artistas independentes, que poderia ser retirado do YouTube.
O impasse é o seguinte: de acordo com a WIN (Worldwide Independent Network, rede independente mundial que representa artistas independentes de diversos países, inclusive do Brasil), se essas bandas não assinassem com o Google, teriam seus vídeos retirados do YouTube - que pertence ao Google. A WIN também alega que o contrato proposto pagaria bem menos para as bandas independentes do que as empresas concorrentes, serviços conhecidos como Rdio, Deezer e Spotify.
Em comunicado à imprensa, a WIN divulgou que "os contratos oferecidos aos selos independentes pelo Youtube são altamente desfavoráveis e com termos inegociáveis, taxas subvalorizadas no mercado" e reproduz a opinião de sua presidente, Alison Wenham:
"Nossos membros são pequenas empresas que dependem de uma variedade de fluxos de receita para investir em novos talentos. Eles estão sendo pressionados por uma das maiores companhias do mundo a aceitar termos que estão fora do praticado no mercado de streaming. Esta não é uma maneira justa de se fazer negócios."
Segundo o comunicado, as empresas vinculadas à WIN estão tentando um acordo com o Google. No Brasil, quem responde pelos artistas indepentes é a Associação Brasileira de Música Independente. Segundo sua diretora-executiva, Luciana Pegorer, a ameaça do Google de retirar os conteúdos do ar é "vazia":
- Pessoalmente, acho que é uma ameaça vazia. O YouTube sairia perdendo se tivesse que retirar todo o conteúdo independente de sua plataforma. A produção independente, hoje, responde por 80% dos lançamentos mundiais, e o consumidor de vídeos no YouTube está acostumado a procurar e achar. Não acredito que o YouTube coloque em risco a sua própria reputação. Acho improvável que isto aconteça - respondeu, por e-mail.
Procurada por Zero Hora, a assessoria de imprensa do Google divulgou nota dizendo que a empresa "sempre buscando novas formas de oferecer conteúdo aos usuários do YouTube e dar aos parceiros mais oportunidades para seus fãs. No entanto, não temos nada para anunciar no momento". Em relação às denúncias da WIN, a assessoria encaminhou uma declaração, atribuída a um porta-voz do YouTube: "O YouTube oferece uma plataforma global para artistas conectarem-se com seus fãs e gerarem receita para sua música. Temos acordos bem-sucedidos com centenas de gravadoras independentes no mundo inteiro, no entanto, não comentamos negociações em curso."