
Não faz muito que Luiz Melodia esteve em Porto Alegre. Em abril, ele participou da gravação do primeiro DVD ao vivo de Jards Macalé no Theatro São Pedro, cantando Negra Melodia, composta por Macalé e Waly Salomão em sua homenagem.
Nesta quinta (15/5), às 22h, Melodia sobe ao palco do Opinião para cantar seu próprio repertório. Será um show intimista, em que estará acompanhado por um trio formado pelo parceiro de longa data Renato Piau (violão) e por Charles Costa (violão de sete cordas) e Alessandro Cardozo (cavaquinho). Isso mesmo: não haverá a percussão que tanto caracteriza seu trabalho.
- Queria uma menina para a percussão, mas não encontrei. Como a base das minhas canções geralmente é a percussão, tivemos que apurar os arranjos - explica Melodia, por telefone, do Rio.
O repertório terá músicas conhecidas de sua carreira e inéditas. Não ficarão de fora sucessos do histórico Pérola Negra (1973), que teve seus 40 anos completados no ano passado. Mas Melodia avisa: não será um show de tributo ao disco. Ele adianta que lançará um álbum de inéditas em junho. O rapper Mahal, seu filho, fará uma participação em uma versão de Maracangalha, de Dorival Caymmi. Mahal já havia gravado a seu lado na faixa Lorena, do disco Retrato do Artista Quando Coisa (2001), seu último de inéditas.
Formado no bairro do Estácio, no Rio, Melodia afirma que não aprecia a música feita no morro hoje, o funk carioca:
- Não ouço música de nível na favela. Mas também não digo que não seja bacana para essa garotada. Prefiro que eles se envolvam com essa música do que peguem um revólver e entrem para o tráfico.
Saudoso da geração cristalizada pelo pulsante ano de 1973, que teve discos memoráveis de João Gilberto (seu álbum branco), Tom Zé (Todos os Olhos) e Gal Costa (Índia), entre muitos outros, Melodia se diz um privilegiado:
- Nos ocupávamos com a música. A grana era uma coisa à parte. E tinha um público que pensava da mesma forma, o que era um estímulo para compor cada vez mais.
Ele lamenta o que considera uma perda de referências do público em um tempo no qual, devido aos avanços tecnológicos, "qualquer um pode ser artista". Entre as novidades, aprecia o rap feito por Mahal e por nomes como Rappin Hood, Marcelo D2 e Emicida:
- Virou meio que uma bagunça. Muitos dos CDs que eu ganho de presente são uma porcaria. Mas tem coisas boas.
LUIZ MELODIA E TRIO
> Nesta quinta (15/5), às 22h. Classificação: 14 anos.
> Opinião (José do Patrocínio, 834), fone (51) 3211-5668, em Porto Alegre.
> Ingressos: R$ 60 (segundo lote). À venda na bilheteria do Opinião a partir das 20h30min.