Que Lupicínio Rodrigues tinha várias facetas todo mundo sabe. Mas o musical sobre sua vida que estreia neste sábado (31/5), no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, leva a ideia ao pé da letra: o compositor gaúcho mais popular de todos os tempos será interpretado por três pessoas, entre elas uma moça. Caberá a Pâmela Amaro o papel de Lupi quando criança. A juventude será representada por Gabriel Pinto, e a maturidade, por Juliano Barreto, idealizador do projeto.
A homenagem chega no ano do centenário de nascimento do bardo da dor de cotovelo, a ser completado em 16 de setembro. Lupi, o Musical - Uma Vida em Estado de Paixão terá sessões neste sábado, às 21h, e domingo, às 18h, com ingressos esgotados.
O espetáculo é escrito e dirigido por Artur José Pinto, que assumiu esta segunda função apenas 43 dias antes da estreia, quando o diretor Zé Adão Barbosa deixou o projeto por discordância artística com a equipe. Embora tenha pesquisado em diferentes fontes, Artur explica que o musical (autorizado pela família de Lupi) não é uma biografia:
- Não é uma investigação científica sobre a vida do Lupicínio. Trabalhamos os mitos, o artista que todo mundo aprendeu a receber. A peça não se compromete em colocar a verdade nua e crua, mas a verdade do Lupicínio.
Suspeita-se que Lupi tenha fantasiado sobre a própria trajetória, como na controversa hipótese de que suas músicas chegaram ao Rio por meio de marinheiros que as ouviram em Porto Alegre. Na dúvida, o musical apresenta duas versões: a dos marinheiros e a de que as canções chegaram ao centro do país por meio de Alcides Gonçalves e outros intérpretes.
Em meio a uma dramatização de episódios da vida do artista, serão apresentadas 21 canções, como Cadeira Vazia, Nervos de Aço, Se Acaso Você Chegasse e Felicidade. O acompanhamento, ao vivo, será de um regional composto por seis instrumentistas, entre eles o diretor musical Mathias Pinto.
Gabriel e Juliano, os dois Lupicínios adultos, são cantores que aparecem aqui em seus primeiros papéis no palco. Explicam que não procuram emular o estilo de voz característico do artista, menos grandiloquente do que seus intérpretes da época.
- Para ficar natural, procuramos trazer um pouco de nós mesmos ao papel - explica Juliano.
Gabriel acrescenta:
- Em determinadas músicas, puxamos para uma dinâmica mais lupiciniana, essa coisa que fica entre a impostação e a bossa nova.
Assista a um trecho do ensaio do musical com depoimentos dos artistas:
