
O novo romance de Luiz Ruffato, 53 anos, é um quebra-cabeça com peças espalhadas em Juiz de Fora, Havana, Mombaça e Buenos Aires. É a partir de histórias passadas nessas e em outras cidades que se constrói Flores Artificiais, livro que será autografado nesta segunda-feira, a partir das 18h, na Palavraria (Vasco da Gama, 165), em Porto Alegre. O evento também contará com bate-papo do autor com o professor de literatura e ex-secretário municipal de Cultura Sergius Gonzaga.
O escritor mineiro, conhecido por abordar o ambiente da classe média baixa brasileira, trata agora da trajetória de Dório Finetto, alto funcionário de um banco internacional. No entanto, as histórias narradas não foram vividas pelo próprio Finetto, e sim por pessoas que ele teria conhecido em viagens ao redor do mundo. Com isso, o leitor conhece perfis que remontam à sensação de desenraizamento, o não pertencimento a algum espaço ou grupo, tema presente na obra do autor desde Eles Eram Muito Cavalos (2001).
Ruffato tem duas obras sendo adaptadas para o cinema: Estive em Lisboa e Lembrei de Você (2009), pelo cineasta português José Barahona, e O Mundo Inimigo (2005), por José Luiz Villamarim, diretor da série Amores Roubados (Globo). Nesta entrevista, o autor fala sobre o novo livro e as adaptações cinematográficas.
Na introdução de Flores Artificiais, você afirma que o protagonista Dório Finetto o procurou por correspondência oferecendo as histórias que teriam sido reescritas no livro. Isso se trata da realidade ou é um recurso literário?
Na verdade, esse é o barato do livro (risos). O leitor que conclua o que quiser! A ideia é entregar um livro que suscite a dúvida se é realidade ou ficção, essa é a chave da história.
O livro trata da trajetória de um personagem a partir de histórias de pessoas que ele encontrou em sua vida. É uma solução narrativa bastante original e ousada. Por que usá-la?
Meu grande desafio em cada livro é encontrar a forma exatamente adequada para discutir o tema que quero discutir. O personagem Dório Finetto é um desenraizado, por isso o livro também é desenraizado, não se escora em uma forma tradicional de narrar.
Você tem duas adaptações literárias em curso. Como é sua relação com essas produções?
Não há relação. Só participo ganhando dinheiro (risos). Faço bons contratos, e os realizadores fazem o que quiserem do livro. E não é desprezo. É um respeito tão grande por teatro e cinema que não quero me meter, ficar dando pitaco na leitura de ninguém.
Flores Artificiais
Luiz Ruffato
Romance, Companhia das Letras, 152 páginas, R$ 34
Sessão de autógrafos nesta segunda-feira, às 18h, na Palavraria (Vasco da Gama, 165), em Porto Alegre
Cotação: 4 de 5 estrelas