
Game of Thrones é uma série que não deveria ter finales, apenas continuales. Quem estiver a favor pode erguer a mão? A gente começa, pega o jeito, acelera e, quando passa a ser um dependente químico das toxinas que nosso corpo libera diante da inteligência, da criatividade e dos diálogos impecáveis de uma série como GoT, pimba, a temporada vai lá e acaba? Nananinha. Proponho uma solução como a do Barão de Itararé para o jogo de xadrez: perdido o rei, proclama-se a república, e a luta prossegue feroz, de casa em casa.
Aqui em casa, GoT prossegue, não importa o que os criadores da série pensem a respeito. Já comecei a ver a temporada de novo, fingindo que esqueci tudo, e sabem que funciona? Quero dizer, não funciona, mas é melhor do que ficar olhando para a tela vazia e chorando as pitangas, podem crer.
Game of Thrones é uma maravilha televisiva. Ela consegue ser a coisa mais adulta da televisão atual, com um formato de narrativa fantástica normalmente usado por tramas juvenis. GoT pode ter mágica, bruxaria, seres esquisitamente vivos e mortos e, ah, dragões. Mas segue sendo a série mais realista na TV atual. Homens, mulheres e a política são assim mesmo.
Basicamente, esse finale foi o episódio dos sonhos de uma feminista da velha escola: homens aprontam, pagam. Quem sobra são os sensíveis, como o inigualável Tyrion Lannister, corpo pequeno e alma sem fim.
Mais do que tudo, GoT parece se tornar uma afirmação do poder do futuro, em que as crianças assumem uma posição central enquanto o inverno definitivo se aproxima. E a série nos deixa assim, pendurados num grande e figurativo pincel até 2015, pelo menos. Dureza demais para se aceitar passivamente, e, portanto, às barricadas, companheiros.
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