
Tempos atrás, estava eu no incrível restaurante Áquila, na Cidade do México, e vi ao meu lado uns tênis brancos que somente poderiam pertencer a uma pessoa sobre a Terra - e sim, caros amigos, era ele, Jerry Seinfeld.
Recordar é viver, e a série Seinfeld é um dos começos da atual fase da televisão como ela passou a ser. Entre 1989 e 1998, Seinfeld provou que a TV podia ser muito, mas muito mais do que jamais havia sido.
Bastava, para isso, colocar alguns escritores geniais a criar personagens, textos, cenas inesquecíveis sobre, teoricamente, o nada.
O nada, no caso, era composto pela vida de Jerry Seinfeld, a do seu melhor amigo, de uma ex-namorada e de outros seres intergalácticos vindos diretamente do Upper West Side em Nova York. Gente tão de outro planeta que ficava apavorada ao se ver abaixo da Rua 42 e diante do inimaginável universo conhecido como Mid e Downtown.
Jerry e amigos orbitavam as suas neuroses de um jeito até então nunca navegado. O que eles faziam na telinha era o que Woody Allen fazia na telona, mas com frequência semanal. Provavelmente, ali, a gente se convenceu de que, sim, era possível. Um ano após o final de Seinfeld, já em 1999, estreava Os Sopranos, que nada mais e nada menos era do que um Scorsese a cada semana.
Para se espantarem com Seinfeld, revejam o episódio The Contest, de 1992, eleito o melhor programa de TV de todos os tempos. E olhem que deve ser mesmo.