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José Luiz Villamarim (diretor), George Moura e Sérgio Goldenberg (roteiristas) formam a nova trinca de ouro da teledramaturgia global. Com esse time nos créditos, o espectador pode esperar produções sofisticadas, linguagem cinematográfica e roteiros que não subestimam a inteligência do público. Depois de chamar a atenção com as minisséries O Canto da Sereia (2013) e Amores Roubados (2014), o trio enfrenta com O Rebu aquele que pode ser seu último teste antes de encarar o desafio de uma novela das nove.
Difícil, neste caso, é ser mais ousado do que já era a versão original da novela de Bráulio Pedroso. O Rebu foi provavelmente a mais avançada experimentação da Globo na faixa das telenovelas de todos os tempos, considerando-se o momento em que foi exibida (entre 1974 e 1975), a familiaridade do público da época com histórias narradas de forma não linear e a sugestão de um romance homossexual ocupando o centro da narrativa - que pode ou não se repetir agora na ambígua relação de Angela Mahler (Patricia Pillar) e Duda (Sophie Charlotte). Para quem quiser conferir, ou relembrar, uma dica: o primeiro capítulo da novela dos anos 1970 está na íntegra no YouTube (assista aqui).
Por tudo isso, O Rebu de 2014 dificilmente seria mais surpreendente do que a novela de 40 anos atrás. Levando-se em conta que a tal trinca de ouro já havia estabelecido um alto padrão de expectativas no público, o que se viu nos primeiros capítulos foi exatamente o que se esperava: elenco afiadíssimo (com destaque para os veteranos Tony Ramos, Cassia Kis Magro e Patricia Pillar, mas com uma performance musical impactante de Sophie Charlotte no primeiro capítulo), cenografia requintada (a casa de Angela Mahler, na verdade, é o Palácio Sanssouci, em Buenos Aires), fotografia elegante (Walter Carvalho é o quarto integrante do time de ouro) e trilha sonora antenadinha.
As redes sociais, que em geral entram de forma meio aleatória nas novelas para dar um clima "moderninho" nos folhetins, nesta fazem todo o sentido e ocupam o espaço que, na primeira versão, cabia a colunas sociais. Se os endinheirados dos anos 1970 citavam a coluna do Zózimo e do Ibrahim Sued (que usava a expressão "rebu" e teria inpirado Bráulio Pedroso a batizar a novela), os ricos de 2014 decretam o sucesso (ou o fracasso) de um evento postando selfies nas redes - hábito que ganhou destaque no primeiro capítulo e que pode, inclusive, ajudar a polícia a resolver o mistério. A propósito: se os comentários nas redes sociais são um bom termômetro da recepção da audiência, O Rebu já é um sucesso.