
Duas notícias estremeceram o mundo dos quadrinhos nesta semana. Após a Marvel anunciar que Thor será uma mulher, a empresa agora revelou que o escudo do Capitão América será empunhado por um personagem negro, O Falcão.
A informação foi divulgada através de um comunicado divulgado pela Marvel. O Falcão surgiu nas páginas de Captain America 117, em 1969, no auge da luta pelos direitos civis dos negros nos EUA, e foi um dos primeiros super-heróis afro-americanos dos quadrinhos.
Pra quem não lembra, as reviravoltas em enredos dos super-heróis são comuns nas revistas. Em 2012 a DC Comics confirmou a homossexualidade do Lanterna Verde e no ano passado rolou até beijo gay entre Wolverine e Hércules nas páginas da Marvel. Para o editor-chefe do site Universo HQ, Sidney Gusman, as mudanças não são definitivas
- Essas mudanças são uma alternativa marqueteira para alavancar as vendas por alguns meses. Com elas, os quadrinhos ganham espaço em mídias que geralmente não falam em HQ, como TVs e jornais. Além disso, muitas pessoas que não consomem quadrinhos vão comprar por curiosidade - pontua o especialista.
Érico Assis, tradutor de quadrinhos da Panini e colunista do Blog da Companhia das Letras, também não acredita que as mudanças venham para ficar:
- Esse tipo de modificação drástica nos personagens - mortes, casamentos, filhos, mudança de cor, de sexo, de time de futebol - sempre aconteceu. Tem um ditado entre os fãs de quadrinhos de super-herói: "Ninguém morre por muito tempo". Assim como a morte, todas essas modificações são revogáveis. Daqui a pouco fazem mais uma ou anunciam a volta do tradicional.
Ao contrário do que muitos pensam, de acordo com os especialistas, o mercado de HQs não está decadente. Ele tem um papel bem definido dentro dos canais de entretenimento.
- Os quadrinhos nos EUA ainda são um mercado pequeno em relação a outros do entretenimento. O mais importante para as grandes editoras, atualmente, é criar e testar conceitos que possam abastecer cinema, TV, games, licenciamento etc. Não acho que as mudanças têm tanto a ver com os gibis venderem pouco. Têm a ver com manter esses personagens existindo para eles renderem em outros canais - alerta Assis.
Para os especialistas essas alterações não terão peso na cultura pop.
- O Thor, no passado, já foi mulher e voltou a ser homem em realidades alternativas. Essas mudanças são passageiras e aqueles que acompanham HQ sabem que logo tudo voltará ao normal - explica Gusman.