
Com sua canção inicial, Philipe Philippsen logo chama a atenção de quem passa no Brique da Redenção. Não é todo dia que se pode escutar Bad Romance, hit da cantora Lady Gaga, ao som da gaita. Quem o vê cantando de forma tão desinibida mal consegue imaginar que ele precisou de duas semanas para ter coragem suficiente para se apresentar pela primeira vez. Sua experiência como músico de rua começou em 2010, durante viagem a Nova York. Após conversar com um músico na Union Square, ficou no lugar dele e tocou durante uma hora e meia. O artista recorda que o dinheiro que ganhou não era muito, mas várias pessoas vieram conversar com ele. Entre elas, uma russa que queria saber em qual língua ele estava cantando - português, para ela, soava como algo vindo do leste europeu.
Fada e Bardo foram juntos para a rua pela primeira vez na Avenida Paulista, em 2012. Durante o período letivo, o casal instala-se em diferentes cidades para que as filhas frequentem a escola pública e possam fazer cursos. Com a chegada das férias, mudam-se. O próximo destino planejado é a Alemanha.
Músicos de rua falam sobre sua rotina da profissão
Luan Richard ingressou na profissão ainda na adolescência, tocando teclado em sua terra natal, São Paulo. Ele não estava com medo, mas inseguro por não saber como seria.
Em comum entre os quatro artistas, a relação com a música ainda na infância. Philipe brinca que sua babá foi o rádio. Luan diz que quebrou o primeiro violão aos seis anos. Bardo aprendeu a tocar aos nove. Fada já viajou por boa parte do país com a família de músicos, desde os seis anos, em apresentações.
O apoio da família

Casal Bardo e Fada e suas filhas Foto: Mauro Vieira / Agência RBS
Luan Richard veio a Porto Alegre para ficar com sua companheira, Liris de Lima, 43 anos, que é gaúcha. Massoterapeuta e vendedora de cosméticos, ela também é deficiente visual e mãe de dois filhos - o menino, Murilo de Lima Chaves, 16, não tem problemas de visão e ajuda os dois em casa.
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O apoio no ambiente familiar é fundamental para que ele e os demais músicos continuem fazendo o que gostam. Philipe, que mora com a mãe Rosaura França de Oliveira, professora de 50 anos, costuma pedir aplausos quando um dos pais está assistindo às suas apresentações, e afirma que sem eles nada disso seria possível.
- Nos meus momentos de tristeza, minha esposa diz: "Não deixa se abater porque sempre existe um dia após o outro" - relata Luan.