Fábio Prikladnicki
Projeto de resgate de compositores brasileiros criado em 2009, o Musica Brasilis retorna a Porto Alegre dentro de uma turnê nacional que homenageia os 150 anos de nascimento de Alberto Nepomuceno (1864 - 1920) e o centenário da morte de Glauco Velasquez (1884 - 1914). Obras destes mestres da belle époque carioca - período da virada para o século 20 que marcou o início da modernidade - serão interpretadas pela pianista Clara Sverner e pela soprano Rosana Lamosa. A apresentação será nesta terça-feira (19/8), às 21h, no Theatro São Pedro, com ingressos de R$ 20 a R$ 50.
Como é característico no Circuito BNDES Musica Brasilis, o espetáculo Bela Música, Bela Época será mais do que um recital. Um cenário multimídia criado por Hélio Eichbauer contará com projeções relacionadas ao universo de Nepomuceno e Velasquez, incluindo cenas de obras do cineasta Humberto Mauro. A narração do ator Fernando Zugno contextualizará as obras, aproximando-as do público não especializado. Em 2013, um recital do projeto, também no São Pedro, marcou os 150 anos de nascimento de Ernesto Nazareth.
- A cada ano, o tema do projeto se modifica conforme alguma efeméride. A coincidência de homenagearmos Alberto Nepomuceno e Glauco Velasquez em 2014 é apropriada porque eles conviveram durante um curto período no início do século 20. Nepomuceno teve Velasquez entre seus alunos - explica Rosana Lanzelotte, diretora do espetáculo e cravista, que desta vez não estará no palco.
No programa desta noite, estarão composições que anteciparam, de alguma forma, a canção como a conhecemos. Nepomuceno é chamado por Rosana Lanzelotte de "inventor da canção brasileira". São musicalizações de poemas da época, assinados por nomes como Machado de Assis. Uma das curiosidades será Cantique de Soeur Béatrice, trecho da única ópera de Velasquez, a qual deixou inacabada. A diretora também destaca as musicistas:
- Clara Sverner foi a primeira a gravar a obra integral do Glauco Velasquez para piano, e a Rosana Lamosa também tem uma trajetória muito ligada aos repertórios brasileiros.
A documentação do projeto está no site www.musicabrasilis.org.br.
Alberto Nepomuceno
Considerado o pai do nacionalismo musical brasileiro, o cearense Nepomuceno seguia o lema segundo o qual "não tem pátria o povo que não canta em sua língua". Sua obra tem referências a Wagner por influência de professores em Recife, onde começou a estudar música. Em outros momentos, sua música se aproxima da produção francesa ou ainda do nacionalismo do norueguês Grieg.
Glauco Velasquez
Autor de composições dotadas de harmonias complexas, Velasquez nasceu em Nápoles, na Itália, filho de brasileiros. Aluno de Nepomuceno no Rio de Janeiro, travou contato com o método do vanguardista Schoenberg. Sua obra tem influência do belga-francês César Franck. Deixou 123 composições, especialmente para piano solo e para piano e canto. Morreu de tuberculose aos 30 anos.
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