
No ano em que o Brasil comemora o centenário de Dorival Caymmi (1914 - 2008), Porto Alegre tem visto pouco das atividades que pipocam pelo país em sua homenagem. O espetáculo Caymmi em Quatro Cantos, quarta, às 21h, no Theatro São Pedro, vem preencher essa lacuna e ligar a capital gaúcha ao mais baiano dos compositores da MPB.
A montagem chega de Curitiba, onde as vozes de Alice Caymmi, Blubell, Ceú e Emanuelle Araújo encerraram uma semana de atividades dedicadas a Caymmi. Em Porto Alegre, a atriz Camila Pitanga substituiria Alice (neta de Dorival), mas a produção decidiu ter as duas no palco, de forma que Caymmi em Quatro Cantos está mais para cinco cantos.
- Camila já cantou com Roberto Carlos, tem uma voz mansa e afinada - comenta Schirley Ethel, diretora da Mano a Mano Produções, que concebeu o show.

Com a carreira voltada para o pop e a MPB, a baiana Emanuelle se divide entre o palco e as novelas - está no elenco de Malhação. A paulista Blubell traz referências do pop e do jazz, enquanto Céu enfatiza o samba. Elas compartilham o palco com cinco músicos: Bem Gil (guitarra), Domenico Lancelloti (bateria e direção musical), Bruno Di Lullo (baixo), Claudio Andrade (teclado) e Zero Telles (percussão).
- É um olhar jovem sobre a obra de Caymmi - define o filho de Dorival e diretor-geral do show, Danilo Caymmi, que não descarta uma participação especial. - Fico muito agoniado fora do palco.
O show abre com números solo, mas há momentos que reúnem todas as cantoras. Montado para contemplar as várias fases de Caymmi, o repertório de sucessos passeia por temas como mulheres, mar, Bahia e referências africanas. Podem entrar canções como O que É que a Baiana Tem?, Coqueiro de Itapuã, O Mar e Rosa Morena.
D orival teria completado cem anos em abril deste ano, e Danilo, que está a frente das homenagens, garante que há muitas a caminho. Porém, de uma programação que inclui biografia, livro infantil, documentário, discos, mostra e espetáculos, apenas a exposição Caymmi 100 Anos, em cartaz em São Paulo, talvez venha a Porto Alegre.
- Há um problema de memória cultural no Brasil. A gente está no centenário do Lupicínio, que poderia ser melhor trabalhado. O do Vinicius foi insuficiente para a sua importância - diz Danilo, acrescentando: - Caymmi não tem uma obra muito grande, mas é tudo gol.
CAYMMI EM QUATRO CANTOS
> Show com Camila Pitanga, Emanuelle Araújo, Ceú, Blubell e Alice Caymmi.
> Quarta, às 21h.
> Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº).
> Onde estacionar: no Multipalco, com entrada pela Rua Riachuelo, a R$ 15 e R$ 10 (sócios da AATSP).
> Ingressos a R$ 50 (apenas para galeria). Desconto de 50% para Associação de Amigos do Theatro São Pedro (AATSP), idosos e sócio e acompanhante do Clube do Assinante, à venda na bilheteria do teatro a partir das 13h.
A pedido de ZH, cada uma das cantoras enviou um depoimento sobre Dorival Caymmi:
Ele é um dos pilares da música moderna, mais do que da MPB antiga como a conhecemos. Caymmi é atual, jovem e eterno.
- Alice Caymmi
Depois de mergulhar na obra de Caymmi, me senti com dendê correndo pelas veias
Meu coração está tranquilo e minha pele, ótima!
- Blubell
Sou filha de um baiano, e, no mergulho que tenho feito na vida de meu pai (para o documentário Pitanga, sobre Antônio Pitanga), Caymmi tem sido um companheiro nessa viagem: sobre Pitanga, sobre minha raiz, sobre a Bahia. Me sinto agraciada por fazer parte da comemoração dos cem anos de Caymmi. Axé!
- Camila Pitanga
Caymmi é o compositor que conseguiu fazer algo altamente sofisticado parecer extremamente simples. Acho isso genial!
- Céu
Caymmi foi o artista que melhor cantou sua terra, seus amores, sua cultura. Sua música faz parte da alma brasileira e baiana e deve ser sempre reverenciada e eternizada.
- Emanuelle Araújo