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É hoje ou nunca. Ou quase isso. Afirmando que irá abandonar os shows ao vivo, Júpiter Apple sobe ao palco do Morrostock neste sábado, em Sapiranga. Será a primeira (e talvez última?) grande apresentação do músico desde que voltou de um retiro que durou mais de um ano.
Com barba farta e inseparáveis óculos escuros, vestindo jaqueta de couro e sapatos sem meia, Júpiter explica sua ausência com tranquilidade: desintoxicação. Durante um ano e meio, ficou indo e vindo de uma clínica de reabilitação em São Paulo, onde conseguiu se livrar de quase tudo que oprimia sua saúde e criatividade - essencialmente álcool e barbitúricos.
- Ainda faltam alguns detalhes, mas a gente está cuidando disso - conta ele.
::: Cinco ocasiões em que Júpiter Apple foi simplesmente incrível
Já a explicação para a aposentadoria dos palcos é mais pitoresca: The Beatles. A exemplo de seus maiores ídolos, Júpiter decidiu parar com os shows antes que não seja mais capaz de entregar o espetáculo que os fãs esperam:
- Os The Beatles pararam em 1966 porque só Paul estava segurando os shows, os outros ficavam de galinhagem. Eu também já estou fazendo besteira, é melhor me retirar.
A eventual aposentadoria dos palcos não significa parar de fazer música. Desde que voltou a Porto Alegre, há um mês e meio, ele tem se dedicado a gravar um disco de canções inéditas que apresentam uma nova fase. Nada de rock, nada de bossa nova, nada de eletrônica ou de psicodelia: Júpiter agora é folk.
- Sempre quis ser Bob Dylan, mas agora sinto que sou meio Bob Dylan e meio Lou Reed - diz quem um dia quis cantar como o beatle George.
De violão em punho e harmônica na boca, toca duas de suas novas composições. São viscerais, bonitas e sofridas, como reza a cartilha do bom folk. Diz que está seguindo esse caminho porque um poder superior o está guiando. Um poder que o manda ir morar em Nova York, gravar nas geleiras da Finlândia e se converter ao judaísmo - até planos de ir a Jerusalém chegou a fazer:
- Sem espiritualidade não se vai a lugar algum.
Mas os fãs terão que esperar um pouco mais para ouvir esse Júpiter Dylan Apple Reed. Na noite deste sábado, o grosso do repertório será de canções que o tornaram célebre com Cascavellettes e TNT, além de faixas da carreira solo. Será este realmente seu último show?
- Estou parando e não tenho prazo para voltar - diz, categórico.
É bom não arriscar.
PROGRAME-SE
- No Bar do Morro (Estrada do Carlão, 526, aos pés do Morro Ferrabraz), em Sapiranga
- Sábado, a partir das 11h: Clarissa Mombelli e Fredi Bessa, Novo Circo Cia de Dança, Farabute, Myla Hardie, Conjunto Bluegrass, Guff, Gustavo Kaly, Chichadélicos, Gypsy Rufina, Jimi Joe, Tocata y Fuga, Lugh, Wander Wildner, Garotos da Rua, Júpiter Apple, Cartolas, Identidade, TeNenTe Cascavel + Julio + Frank, Mar de Marte, Sinagoga Zen, Xispa Divina e Scafandro
- Domingo, a partir das 10h45min: Serginho e a Vassoura em Ilusionismo Sonoro, Lady Loucura, Grass Effect, La Digna Rabia, Grupo Musical União, Cattarse, Lotuschama, Dingo Bells
- Ingressos a R$ 80. Como o número é limitado, a organização recomenda reservar pelo e-mail morrostock@gmail.com.
-Serviço de transporte gratuito da rodoviária de Sapiranga até o Bar do Morro. Partidas no sábado às 11h, 13h, 16h, 18h, 20h e 22h. Retorno domingo, conforme demanda, a partir das 13h.
- O passaporte para os três dias (esgotado) dá direito a acampar no local. Informações em morrostock.com.br.