Um dos maiores narradores de futebol do Rio Grande do Sul, Celestino Valenzuela permaneceu por mais de 20 anos longe dos holofotes. Neste domingo, no entanto, estará em plena Praça, conversando com o público e autografando Que Lance!, livro das jornalistas Eduarda Streb e Rafaela Meditsch que narra a vida do homem cuja voz carimbou a história das grandes conquistas do esporte local, como as do lendário time do Internacional dos anos 1970 e os títulos da América e do Mundo ganhos pelo Grêmio no início dos 1980.
Localize-se na Feira do Livro
Criador do bordão que intitula o livro, Valenzuela era a voz por trás dos principais jogos transmitidos pela TV. Natural de Alegrete, exerceu várias atividades (motoboy, mecânico, feirante, sapateiro) e foi jogador profissional em São Gabriel antes de iniciar a carreira como radialista, aos 27 anos.
- Eu tinha um dom e não sabia - relembra ele, hoje com 86 anos. Rafaela Meditsch já havia convencido Valenzuela a mostrar a cara outra vez em um quadro do programa Lance Final (RBS TV), em 2013. Conta que foi ainda mais difícil dobrá-lo a fazer o livro.
- Eu achava o fim da picada - comenta o narrador, modesto.
- Era muita atenção para mim. Mas a insistência foi recompensada. Valenzuela chegou a escrever à mão, em um caderno com dezenas de páginas, algumas das histórias que agora estão detalhadas no livro. A dupla de autoras também entrevistou colegas, jogadores e outras personalidades do mundo do futebol para compor o volume.
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Como surgiu o bordão
No livro, entre outros causos, Celestino Valenzuela relembra o surgimento do bordão "Que lance". Confira um trecho:
"Já trabalhava há dois anos na TV Gaúcha, e fui fazer um jogo do Grêmio contra o Flamengo de Caxias do Sul (hoje Caxias). Em um lance, um jogador gremista, não lembro quem, entrou área adentro. A bola sobrou sem ninguém na frente, aqueles gols imperdíveis, mas ele preferiu dar um toque de leve. O goleiro ficou olhando e a bola passou devagar, perto da trave, saindo pela linha de fundo. Eu sempre acelerava a narração quando havia perigo de gol. Naquele momento, foi algo assim: Bola pelo lado direito, fulano chuta rasteiro, goleiro sem reação e... Pela linha de fundo! Que lance, hein?. Depois do jogo, o Clóvis Prates, diretor da emissora, me chamou. Com um cachimbo na boca, me mostrou a fita do jogo e perguntou de onde eu tinha tirado o "Que lance, hein?". Respondi que era algo não planejado. Ele gritou: "A partir de hoje, diz isso sempre!". Tinha muita gente conosco ali, acho que umas 10 mil pessoas. Foi uma risada geral."
Autógrafos do livro Que Lance!
De Rafaela Meditsch e Eduarda Streb.
L Comunicação, 148 páginas, R$ 30.
Bate-papo com o público, neste domingo, às 14h, na Casa ZH.
A sessão de autógrafos será às 16h, também neste domingo.
A 60ª Feira do Livro da Capital ficará aberta todos os dias, de 31 de outubro até 16 de novembro, com visitação das 9h30min às 21h (Área Infantil e Juvenil) e das 12h30min às 21h (Área Internacional e demais espaços). A entrada é franca.
Zero Hora*