
A exposição Iberê Camargo: Século 21, com inauguração nesta terça (18/11) e abertura ao público na quarta, na Fundação Iberê Camargo (FIC), é o ponto alto da celebração do centenário de nascimento do artista. Mas a programação ainda conta com uma série de atividades e lançamentos, com destaque para as exposições na Itália em 2015, que darão início ao plano de divulgação internacional. Ainda há mostras em negociação na Alemanha (Berlim e Hamburgo) e em Portugal (Lisboa). Será um momento de atestar a recepção da obra do gaúcho na Europa.
- No Brasil, Iberê é reconhecido, sem dúvida. Mas, considerando a envergadura do artista, há muita coisa por ser feita em relação ao panorama internacional - diz o crítico Agnaldo Farias, integrante do Comitê Curatorial da FIC.
Se a obra de Iberê ainda não encontrou acolhida no Exterior, talvez isto se deva ao fato de ser muito próxima à tradição europeia. Ou seja, sua pintura densa e melancólica não corresponderia à expectativa estrangeira por uma arte mais exótica e carregada de brasilidade.
- O aspecto trágico de sua obra a torna atual por ser muito "antibrasileiro" e pouco trabalhado em nosso imaginário - diz Luiz Camillo Osorio, curador da retrospectiva de Iberê apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo em maio.
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O francês Jacques Leenhardt, integrante do Comitê Curatorial da FIC, acredita que a divulgação externa fará a obra de Iberê acertar o passo com o circuito internacional:
- Em sua época, Iberê não entrou nesse circuito. E, até hoje, é quase desconhecido na Europa. A internacionalização é um trabalho lento, a ser feito passo a passo, com exposições, publicações e eventos.
O que também ajuda a ampliar a visibilidade externa é o lugar de destaque que Iberê ocupa no mercado de arte no Brasil. Ainda nos anos 1970, ele teve obras compradas por importantes colecionadores, como Oscar Bloch, Roberto Marinho, João Sattamini e Gilberto Chateaubriand.
- Iberê ficava inconformado porque alguns colecionadores queriam quadros que ele tinha pintado 10 anos antes e não o que estava produzindo no momento - conta Jones Bergamin, da galeria Bolsa de Arte do Rio de Janeiro.
Para o galerista, o trabalho de divulgação da FIC foi fundamental para a valorização do artista no mercado. Na feira SP-Arte deste ano, uma pintura de Iberê chegou ao valor de R$ 2,45 milhões:
- Ele está entre os 10 artistas brasileiros mais valiosos e procurados. Nenhuma coleção de arte brasileira estará completa sem obras de Iberê. A Fundação também ajuda a reforçar a segurança contra falsificações.
PROGRAMAÇÃO
Confira as atividades que ocorrem na Fundação Iberê Camargo (FIC)
Exposição
> Iberê Camargo: Século 21 apresenta obras do homenageado em diálogos com trabalhos de 19 artistas contemporâneos. Entre eles, estão Angelo Venosa, Arthur Lescher, Carlos Fajardo, Daniel Acosta, Eduardo Frota, Fabio Miguez, Gil Vicente, Karin Lambrecht, Lenir de Miranda e Regina Silveira, Rodrigo Andrade. Abertura nesta terça (18/11), às 19h, para convidados. Visitação aberta ao público a partir de quarta (19/11). Ao todo serão 33 pinturas, seis gravuras e 30 desenhos de Iberê ao lado de 21 obras dos convidados.
Livro
> Com organização do crítico Luiz Camillo Osorio, Cem anos de Iberê (Cosac Naify, 416 páginas) apresenta uma biografia pessoal e artística de Iberê e mais de 200 imagens. Estão reunidos também os textos curatoriais de diversos autores, relativos às exposições realizadas pela Fundação Iberê Camargo desde a sua abertura, em 2008. Lançamento quarta (19/11), 18h.
Filmes
> Com roteiro e direção de Marta Biavaschi, Magma é um ensaio visual e biográfico sobre Iberê. Com duração de 52 minutos, traz narrações do artista sobre sua vida e obra. A produção é da Surreal Filmes. Lançamento quinta-feira, às 18h.
> Diretor de O Pintor (1995), curta sobre Iberê, Joel Pizzini produziu audiovisuais para serem projetados como instalações sonoras nas rampas da Fundação Iberê Camargo. O trabalho integra a exposição que celebra o centenário.
Performance
> Eva Schul assina coreografia inspirada na série dos carretéis que será encenada por nove bailarinos. Trilha do violoncelista da Ospa Celau Moreira e figurino do artista Élcio Rossini. A apresentação de hoje, durante o evento de abertura da exposição para convidados, será gravada e exibida sexta-feira, às 18h.
Digitalização
> Ainda neste ano, deverá ser lançado um site que apresentará obras e documentos da Fundação Iberê Camargo. Inicialmente, será disponibilizada parte desse acervo.
Catalogação da obra
> Depois da catalogação completa das gravuras de Iberê, publicado em um volumoso livro pela Cosac Naify em 2006, a pesquisadora e professora Mônica Zielinksy agora se dedica à etapa que envolve desenhos e pinturas. Colecionadores e instituições que possuam obras do artista podem entrar em contato pelo email catalogacao@iberecamargo.org.br.
Programa educativo
> No dia 22, ocorre o Encontro para Educadores da exposição Iberê Camargo: Século 21. O evento é voltado a professores, estudantes e demais interessados. O objetivo é estimular atividades arte-educativas envolvendo Iberê nas escolas.
Seminário
> De quarta a sexta-feira, das 19h às 22h, ocorre o Seminário Iberê Camargo: Século 21. Entre os convidados, estão Regina Silveira, Karin Lambrecht, Lorenzo Mammì, Luiz Camillo Osorio, Carlos Martins e José Rufino. Também participam Icleia Cattani, Jacques Leenhardt e Agnaldo Farias, integrantes do Comitê Curatorial da FIC. Inscrições a R$ 25. Informações no fone (51) 3247-8051.
Exposições em 2015
Itália
> Serão apresentadas três mostras de Iberê em maio de 2015. O Museo Marino Marini, em Florença, dará foco às gravuras. O Palazzo Pitti, também em Florença, mostrará recorte voltado à produção do artista nos anos 1960. Já o Museo Morandi, em Bolonha, destacará as relações entre as obras de Iberê e do mestre Giorgio Morandi (1890 - 1964), apresentando naturezas-mortas de ambos.
Rio de Janeiro
> O Museu de Arte Moderna (MAM) apresentará uma retrospectiva do artista em setembro de 2015.