
Dançante e roqueiro, mas acima de tudo pop, o novo disco do Pato Fu acaba de chegar às lojas. Não Pare pra Pensar é o primeiro álbum de inéditas da banda mineira desde 2007, quando lançara Daqui pro Futuro - nesse período, Fernanda Takai, John Ulhoa e companhia se dedicaram ao projeto de covers Música de Brinquedo (2010), que nasceu despretensioso, mas até hoje segue dando frutos.
- Vamos iniciar a turnê do novo disco em paralelo com os shows do Música de Brinquedo - comenta Ulhoa, por telefone, desde Belo Horizonte. - A demanda de apresentações desse álbum segue enorme, ainda ficamos impressionados com esse sucesso.
Com referências em bandas como Muse, Noisettes e Electric Six, Não Pare pra Pensar alterna momentos épicos com ironia, a exemplo da faixa You Have to Outgrow RocknRoll, que desde o título chama à maturidade, mas aposta no skate rock adolescente. As reflexões sobre o tempo típicas das composições de Ulhoa estão lá, em canções como Eu Era Feliz e Um Dia do seu Sol (as letras das outras 10 são em português).
Mesmo que Seja Eu alterna riffs de guitarra com timbres que lembram videogames, voltando às estranhezas poético-sonoras que caracterizaram a banda desde os anos 1990. Até nas homenagens (o vocal de Ritchie em Pra Qualquer Bicho e a cover de Erasmo e Roberto Carlos Mesmo que Seja Eu), o novo disco reafirma: é o Pato Fu de volta a sua essência.
NÃO PARE PRA PENSAR
Pato Fu
Rotomusic/Sony, 11 faixas, R$ 18,90 (em média).
Entrevista: John Ulhôa, guitarrista e compositor do Pato Fu:
Vocês demoraram para lançar este novo disco. Isso tem a ver com a quantidade de projetos paralelos dos integrantes da banda?
Não Pare pra Pensar demorou porque o Música de Brinquedo (2010) fez muito sucesso. Gravamos um DVD ao vivo e, ainda hoje, atendemos aos muitos pedidos de show desse projeto. Mas, sim, também vínhamos fazendo muita coisa paralela. E nos demos conta disso juntos. Foi um estalo: "Hello, vamos voltar ao que é principal em nossas carreiras, que é o Pato Fu?". A ideia era retomar a sonoridade da banda, até porque nesse período conquistamos públicos novos. Este disco também serve para mostrar a esses novos fãs a sonoridade clássica do Pato Fu.
Você canta, coisa que não acontecia há tempo, em duas faixas de Não Pare pra Pensar...
Eu costumo compor pensando na Fernanda (Takai). Quando acho que não está ficando com o perfil dela, ofereço para outro intérprete. Só em último caso é que faço para mim mesmo. Foi o caso agora de Ninguém Mexe com o Diabo e You Have to Outgrow RocknRoll: achamos que a pegada roqueira de ambas casaria melhor com minha voz do que com a de outro cantor. Até por isso as canto com voz mais grossa.
As letras têm mensagens afirmativas, a começar pelo título do disco, embora algumas canções estejam abertas a interpretações, caso de Cego para as Cores. Também há algo de nostalgia nas reflexões sobre o tempo. É a maturidade que chegou?
A maturidade já chegou há mais tempo (risos). Mas é fato que olhamos para o que fizemos antes ao começar a trabalhar neste disco. Acho que o álbum também carrega a marca dos 40 anos de idade: é um momento da vida em que você já está pensando mais na família do que em si próprio, se assenta, fica mais em casa, olha mais para o coletivo do que para o individual...
Por que a regravação de um clássico de Erasmo (Mesmo que Seja Eu) e a parceria com Ritchie?
Mesmo que Seja Eu nós já tínhamos gravado num projeto de covers, e achamos que tinha tudo a ver com o disco. Já o Ritchie tem um trabalho recente de folk muito legal que as pessoas não conhecem bem. Também buscamos chamar a atenção para isso.