
Não é só a Adriana Deffenti que enchou o saco de ser cantora de MPB e resolveu migrar para o rock. Muitos artistas que fizeram praticamente toda a sua carreira na música popular brasileira já deram uma despirocada: Ronnie Von teve sua fase psicodélica, Chico Buarque juntou baião e rock e Vanusa previu um riff do Black Sabbath.
1. Caetano Veloso
Não chega a ser espantoso, porque Caetano sempre foi um dos artistas mais inventivos e ousados da música brasileira, mas desde que se uniu à Banda Cê, o baiano deu uma guinada importante em direção às guitarras distorcidas e baterias marcadas. Nos três discos lançados junto com o trio de músicos jovens, Caetano apresenta hinos roqueiros como Odeio, Homem e a autoexplicativa Rocks. Isso tudo mais de 40 anos depois de ter estourado com o tropicalismo e o disco Transa, totalmente experimental.
2. Vanusa
Ainda que nos anos 1970 todo mundo tenha virado um pouco roqueiro, esta não dá para deixar passar. É impossível ouvir What to Do, do disco homônimo da cantora, lançado em 1973, e não lembrar de Sabbath Bloody Sabbath. O riff de guitarra é igualzinho e, vejam só, a música de Vanusa foi lançada antes. Será?
3. Elis Regina
O disco Transversal do Tempo, de 1978, é uma gravação ao vivo da cantora que ficou conhecida por sua voz linda. Mas em Deus Lhe Pague, versão de uma música composta por Chico Buarque, Elis adota uma postura de frontwoman, conta com a participação de uma banda maravilhosa e apresenta um legítimo rock.
4. Chico Buarque
Quem começa a ouvir Baioque desavisado, acha que a música é um voz e violão com clima de baião. Mas com certeza vai se surpreender quando começar a parte "oque" do título. Com bateria ensandecida, vocal rasgado de Chico e teclado nervoso, um dos maiores nomes da MPB mostra um lado seu pouco conhecido: o de frontman de banda de rock. E, como não poderia deixar de ser, ele manda muito bem.
5. Ronnie Von
Quem diria: se hoje Ronnie Von é um tiozinho de pulôver amarrado no ombro apresentando um programa no estilo Ana Maria Braga, há mais de quarenta anos ele já foi um dos expoentes do rock psicodélico nacional. Ouça Anarquia, música da fase pós-Príncipe, em que o cantor fez três discos com influências de Beatles, Zombies, Jimi Hendrix e toda aquela galera do fim dos anos 1960.