Gustavo Brigatti
Pergunte ao AC/DC quão longo é o caminho até o topo. Lançando o 15º disco de estúdio, com seu mentor afastado e outro integrante metido em confusões, a banda australiana se prepara para completar 40 anos do lançamento do seu primeiro álbum afirmando: é mais difícil do que parece.
A resposta está no single It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock'n'Roll), do álbum T.N.T. (1975). A letra, profética, aponta um pouco do que o AC/DC enfrentaria ao longo de sua turbulenta carreira: ser roubado, massacrado, subestimado, ficar doidão, envelhecer e acabar vendido como artigo de segunda.
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Em 2014, a composição poderia incluir também "se aposentar", após a notícia da saída de um dos seus fundadores, Malcolm Young, em mais um percalço envolvendo integrantes do grupo (leia abaixo). Fora de combate, o guitarrista sequer gravou o novo disco da banda, Rock or Bust, cedendo lugar ao sobrinho, Stevie Young, 58 anos.
O novo integrante já posa para as fotos oficiais da banda, ao contrário do baterista, Phil Rudd. O músico enfrenta problemas com a Justiça por acusações de planejar assassinatos, portar drogas e brigar na rua - o que poderia ser mais um item para It's A Long Way...: "perder a cabeça".
Por isso, Rudd é dúvida até numa provável turnê em 2015 - ainda sem datas ou locais definidos, mas muito necessária. O giro serviria de plataforma de divulgação para Rock or Bust, primeiro disco do AC/DC em seis anos e cuja previsão de vendas não é das mais otimistas ("gravar discos que ninguém quer comprar", eis outra atualização que poderia ser feita em It's A Long Way...).
Lançado mundialmente no dia 2 de dezembro, espera-se que sejam comercializadas entre 135 mil e 145 mil cópias, segundo a imprensa especializada - um número bem menor do que os mais de 780 mil vendidos no mesmo período pelo disco anterior, Black Ice (2008).
Não sem razão: Rock or Bust parece ter sido feito com sobras dos discos menos inspirados do AC/DC dos anos 1980. Há bons momentos, como Rock the Blues Away e Sweet Candy, mas, no geral, soa pouco inspirado e cansativo até para o mais generoso dos fãs.
Com a formação pela metade e um disco longe de ser brilhante, o AC/DC pode estar vivendo mais um inferno astral. E talvez esteja mesmo. A sorte é que, para eles, o inferno nunca foi um lugar tão ruim de se estar.
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