Celso Loureiro Chaves: que o Multipalco e a sede da Ospa se realizem

Não me venham com projetos novos para novos governos. Não sei as outras músicas, mas quanto à música erudita (clássica? de concerto?) só me ocorre relembrar como urgentes os projetos velhos, nesta entrada de novo governo.

Só dois projetos: que a sede própria da Ospa surja do chão, seja terminada e inaugurada, se transforme no lar que a orquestra nunca teve e que merece; que o Multipalco seja terminado e inaugurado, se transforme no centro cultural que sempre pretendeu ser e ainda não teve a chance de ser.

Não se trata de metrô chegando à Fiergs nem de ponte estaiada atravessando o Guaíba. Se trata apenas de coisas indispensáveis à música desse Rio Grande e, talvez, urgentes para a reconstrução de uma identidade cultural - a nossa - que anda meio aos pedaços.

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Parece que não há vontade política nem saúde financeira para empreender grandes voos, mas diante de tudo o que vai pelo ralo no dia a dia, são coisas modestas: dois prédios e seus equipamentos. Dois prédios! De fato: não é metrô e não é ponte.

Um e mais um prédio (o que dá dois...) que poderiam já estar ocupando o seu espaço, espaço bem maior do que os limites das paredes, mais amplo que a estreiteza das ideias que os fazem ficar como estão. Como diria Caetano: aqui tudo é construção e já é ruína. Entra ano e sai ano, entra governo e sai governo e, vá lá, não há vontade política ou saúde financeira.

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Vá lá. Mas quando vai haver? Em 2015, se servem os votos de Ano-Novo e as resoluções que pretendem deixar para trás a inação dos anos que passaram? Multipalco e Teatro da Ospa (ou "sala sinfônica", para apaziguar os esfomeados que querem lançar mão dos espaços que não são seus, por não terem ímpeto para lutar pelo seu próprio...).

Sou modesto e pessimista ao olhar o ano que vem aí pela frente. Dois prédios e um certo desalento. Daqui a um ano, em que ponto estaremos? Ainda olhando essas obras de santa engrácia? Ou aliviados, porque afinal de contas, até Santa Engrácia de Lisboa um dia foi terminada. Levou séculos, mas um dia se ouviu a última martelada.

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