Num ensaio intitulado A Literatura Gaúcha Como Definidora de Uma Cultura, o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil lembra que nosso Estado foi uma das últimas regiões do mundo a ser civilizada (e por civilização me refiro ao padrão ocidental-europeu consagrado). Assis faz as contas: foi só em 1737 que o brigadeiro português Silva Pais chegou por aqui para fundar o forte de Jesus-Maria-José (hoje cidade de Rio Grande). À época, o mosteiro de São Bento, em Salvador da Bahia, já era velho de dois séculos.
Isso tudo quer dizer que os gaúchos chegaram atrasados à civilização: somos estreantes como sociedade e nem tivemos tempo de consolidar bons níveis de educação ou de conhecimento de mundo. Nos falta tradição e traquejo. Um grupo de civilizadores, no entanto, no qual se inclui o próprio Assis Brasil, deve ser lembrado. Entre outros, devemos muito a Gilda Marinho, Antonietta Barone, Isolda Paes, Eva Sopher, Ivo Bender, Tatata Pimentel, Palmira Gobbi, José Lutzemberger, gente que, com o estofo do conhecimento, entregou-se à inquietude das artes e outras delicadezas do espírito.
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Celia Ribeiro, jornalista dedicada aos temas de comportamento, é uma dessas raras figuras civilizadoras. É dela Etiqueta de Bolso - Um Guia de Boas Maneiras de A a Z, lançado agorinha pela L&PM. Trata-se de um manual de etiqueta em pequeno formato, com um índice remissivo completíssimo, que torna as pesquisas muito ágeis. De maneira simples e elegante, ali estão as recomendações sobre o que fazer em diversas situações, da academia de ginástica ao WhatsApp, passando pelas entrevistas de emprego e a disposição de talheres numa mesa de jantar.
Jornalista e pesquisadora, Celia revolucionou o mercado de livros sobre comportamento em 1991, com Etiqueta na Prática. Interessada por moda, gastronomia, culinária, viagens, decoração e artes em geral, Celia ensina que a boa educação reside na consideração com o próximo e que as regras de boas maneiras incluem fazer com que as pessoas se ilustrem e convivam em paz. E ensina mais: que a etiqueta nada é se não houver afetos.
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