
Hiro Hamada tem o nome e as feições de um japonês, mas vive em San Francisco, nos EUA. É um nerdzinho genial. Cria robôs lutadores tão bem elaborados e cheios de recursos que seu irmão mais velho, Tadashi, decide levá-lo à escola de inventores em que é aluno. Ser aceito lá é um sonho que, no entanto, vira pesadelo: durante sua prova de admissão, um incêndio põe abaixo o prédio da escola. Tadashi morre. E deixa o robô inflável Baymax como legado para o pequeno cientista.
Nesse ponto, já se passou quase um quarto de Operação Big Hero, estreia desta semana nos cinemas. A tragédia, no entanto, vai mudar os rumos da história: a partir dali, o que Hiro e seus novos amigos da escola querem é descobrir o que aconteceu naquele dia.
O gorducho Baymax, na verdade, é uma espécie de curandeiro que Tadashi havia criado para diagnosticar e ajudar a recuperar pessoas doentes. Com a imaginação a mil, Hiro subverte esse propósito e o transforma em um robô superpoderoso. Não só ele: o geniozinho faz com que todo mundo na turma receba uma cota de forças especiais, e se forma uma gangue de super-heróis, como aquelas de séries nipônicas de sucesso global - o Esquadrão Relâmpago Changeman, contemporâneo de Jaspion e Jiraiya, para ficar em alguns dos nomes mais conhecidos por aqui.
A cultura pop japonesa está no cerne de Operação Big Hero, aí incluída a estética dos mangás. A inspiração vem dos quadrinhos Big Hero 6, da Marvel: sai a dramaturgia mais elaborada que marcava os filmes em parceria com a Pixar, entram os códigos dos longas de ação que costumam impressionar mais pelo ritmo frenético do que pela história em si - qualquer semelhança com os arrasa-quarteirões de super-heróis com atores reais, invariavelmente baseados no universo das gigantes das HQs, não será mera coincidência.
Também faz a diferença negativamente a forma como os conceitos de bom e mau permeiam as construções de personagens de um professor idealista (da escola de inventores) e de um megaempresário do setor da tecnologia. Como o público infantil os vê? Na resposta a essa pergunta está um problema de Big Hero.
Trata-se, ao menos, de um problema menor: o longa que abre oficialmente a temporada dos filmes para a garotada ver nestas férias de verão consegue divertir o espectador, graças ao olhar perspicaz para o imaginário nerd e para a rica cultura pop japonesa.
OPERAÇÃO BIG HERO
De Don Hall e Chris Williams
Animação, EUA, 2014, 102 minutos. Classificação: livre.
Versões dublado em 3D e convencional.
Em pré-estreia nesta quarta. Estreia quinta-feira em todo o circuito de cinemas.
Cotação: bom.
FILMES PARA AS FÉRIAS
Outras opções de cinema para os pequenos durante o verão:
As Férias do Pequeno Nicolau
Longa francês de Laurent Tirard que dá sequência a O Pequeno Nicolau (2009). Estreia nesta quinta-feira no circuito.
Eco Planet 3D
Esta é uma animação tailandesa voltada para as crianças. Estreia prevista para a semana que vem.
Os Pinguins de Madagascar
Animação da Dreamworks (de Shrek e Kung Fu Panda, entre outros), que traz para voo solo os pinguins vistos na franquia Madagascar. Estreia em 15 de janeiro.
Minúsculos: o Filme
Este promissor desenho francês, com versão em 3D, apresenta uma turma de formigas brigando pelos restos de um piquenique humano. Estreia em 22 de janeiro.
Bob Esponja: um Herói Fora dÁgua
Produção da Nickelodeon, em associação com a Paramount, traz o personagem dos desenhos da televisão para o cinema. Estreia em 5 de fevereiro.
Tinkerbell e o Monstro da Terra do Nunca
Filme da Disney sobre a fada Tinkerbell (a Sininho). Estreia em 12 de fevereiro.