Marcelo Perrone
O coração de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim parou de bater em Nova York no dia 8 de dezembro de 1994. Aos 67 anos, o compositor que tinha o Brasil entranhado no nome e na inspiração andava meio desgostoso com o país por ele exaltado em algumas das mais belas canções do século 20. A violência e a falta de gentileza fazendo sombra no seu Rio de Janeiro solar eram algumas das razões do desconforto de Tom Jobim. Aos que lhe criticavam por ser um cidadão internacional, dizia: "Brasileiro tem ódio de quem faz sucesso". Mas, não fosse a viagem aos Estados Unidos para tratamento médico, o maestro estaria em seu lugar favorito, dedilhando o piano de casa, cercado pelo silêncio da floresta da Tijuca. Porque, ao mais universal dos artistas brasileiros, a crise na apaixonada relação nunca foi razão para rompimento.