Twist é quando a gente ia para um lado e, quando vê, está indo para outro. Shout é quando se grita. Os twists mais duros nos fazem berrar no sofazão, dizendo: "Não, não é por aí, não era o que eu queria, volta!".
E, como sabemos, agora é tarde, já foi, já era. Homeland nos presenteou com um tuíste (de nada, Aldo Rebelo) e tanto nesse décimo episódio da quarta temporada, e, para não produzir um spoiler, parem de ler aqui os que ainda não viram. Isso é uma ordem! Séries costumam ter vários heróis justamente para se poder tuistar à vontade e ainda sobrarem alguns personagens vivos.
Em Homeland, mataram uma mocinha, deixando a outra no lugar porque, vamos combinar, matar a Claire Danes tornaria as coisas demasiado complicadas, uma vez que ela também é a produtora. Fara era a islâmica boazinha, em um mundo de islâmicos malvados.
Ela ao mesmo tempo servia para Homeland mostrar alguma sensibilidade e para mostrar aos islâmicos que eles podem ser amigos do Grande Irmão Branco numa boa. Ela era ao mesmo tempo americana e iraniana, ela era o amigo e o inimigo, e sentia algo pelos dois.
Por isso, para nós, público, Fara parecia ser à prova de balas. Até era, mas nem só de bala morre o homem, como se viu. Se Fara servia para mostrar que existem islâmicos bonzinhos, do outro lado está Haissam Haqqani, o vilão mais malvado do lado de lá do Eufrates, e ele é tão mau que não perdoa quem erra nem quem acerta.
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Homeland é herdeira de 24 Horas, e tanto o tuíste quanto o politicamente incorreto estão no DNA de ambas, o que também é bom, mesmo que não tanto para os islâmicos. Essas séries representam a visão roliudiana do mundo e não sentem muita culpa na hora de eleger culpados, que, casualmente, não são eles. Perde a bondade, ganha a narrativa, mas a um custo alto: demonizam um mundo inteiro para ganhar a nossa atenção por uns minutos.
É bom, mas é mau. E é assim que eu acho que a gente deve ver Homeland, curtindo o show, descurtindo a ideologia. E é assim que se pode e deve consumir toda a narrativa, eu creio. Criticamente, analiticamente, mas curtindo as emoções, baratas ou não, que ela proporciona. Como sempre, fica a dica.
Assista ao trailer da quarta temporada de Homeland:
