
Pode parecer que 2014 passou voando, mas houve tempo para diversos lançamentos de relevo cultural durante o ano. Livros, discos, filmes, espetáculos, exposições, séries e programas de TV: todas as áreas da produção artística e de entretenimento tiveram os seus destaques ao longo da temporada, no Brasil e no Exterior.
A equipe do 2º Caderno se reuniu e escolheu alguns desses lançamentos, em âmbito local, nacional e internacional, e os separou de acordo com a linguagem que cada um representa. Abaixo, uma lista contendo 10 títulos de exposições, selecionadas por suas qualidades artísticas, por sua relevância cultural e, também, por sua popularidade e capacidade de alcance de público. Confira:
Lazaretto de Jack White
Gregário, multifacetado e sem medo de experimentar, Jack White está por trás de algumas das bandas mais interessantes surgidas nos últimos anos. Da sensação indie White Stripes ao alt-folk do Raconteurs, passando pelo rock experimental do Dead Weather, o músico segue como uma faroleiro em meio ao tempestuoso oceano da música pop. Mas ele não olha apenas para frente, como mostra sua prodigiosa carreira solo. Em Lazaretto, White continuou o trabalho que começara em Blunderbuss, de pesquisa e releitura das raízes da música norte-americana. Reverente e ousado na medida, o álbum foi tão bem recebido que se transformou no disco de vinil mais vendido dos últimos 20 anos.
Bossa Negra de Hamilton de Holanda e Diogo Nogueira
Mesmo considerado uma das grandes vozes do samba da atualidade, faltava a Diogo Nogueira um disco que o tirasse da sombra do pai, João Nogueira. A parceria com o bandolinista Hamilton de Holanda resolveu esse problema. Juntando choro, samba e batuque africano, a dupla fez um dos álbuns mais inventivos da MPB em 2014.
Costa do Marfim da Cachorro Grande
Vão-se os terninhos, fica a energia. Assim pode ser entendida a nova fase de uma das últimas bandas realmente importantes no cenário do moribundo rock nacional. Encharcado de psicodelia, experimental e ousado, Costa do Marfim leva o grupo gaúcho para mares nunca antes navegados a bordo da nave louca pilotada pelo produtor Edu K.
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Popular Problems de Leonard Cohen
A velhice faz muitos diminuírem o ritmo. Não é o caso de Leonard Cohen, que, aos 80 anos, lançou seu 13º disco de inéditas. A saber: Popular Problems não deixa o tempo de lado. Sua onipresença e ação na vida humana estão espalhadas pelo disco, na poesia das letras precisas conduzidas pela voz cavernosa (mas terna) de Cohen.
1989 de Taylor Swift
Da bonequinha folk que cantava sobre corações partidos com seus violões coloridos sobrou pouco em 1989. O que não mudou foram os números - com este álbum, Taylor Swift se manteve como uma das maiores vendedoras de discos do mundo. Eleita mulher do ano pela Billboard, ela fez uma participação especial no The Voice e retirou suas canções do Spotify por não concordar com a política de pagamento do serviço.
Convoque Seu Buda de Criolo
Nos últimos anos, Criolo saiu do anonimato para figurar entre grandes nomes da MPB como Chico Buarque e Ney Matogrosso. Convoque Seu Buda mostra que, apesar do novo status, sua turma ainda é a do rap. Ferino, pesado e direto, Criolo continua a rimar sobre questões sociais e políticas como a MPB poucas vezes conseguiu fazer.
Plectrumelectrum e Art Official Age de Prince
Um dos mais prolíficos artistas de todos os tempos, Prince voltou de um recesso de quatro anos para um lançamento duplo. Em dobro também veio a sua ousadia: enquanto Art Official Age funde James Brown e Jimi Hendrix, Plectrumelectrum paga tributo ao Led Zeppelin. Diversão pura.
Royal Blood de Royal Blood
Única formação de rock entre as apostas da BBC para 2014, a dupla formada por Mike Keer e Ben Thatcher não decepcionou. Entregou um disco de estreia pesado e virtuoso, que bebe tanto em fontes clássicas (Deep Purple) quanto modernas (Queens of the Stone Age). Com mérito, entraram em várias listas de melhores do ano.
Gilbertos Samba de Gilberto Gil
Gravar canções registradas por João Gilberto é um convite a comparações quase sempre desastrosas a quem arrisca. Mas, solene e sereno, Gilberto Gil conseguiu compor uma coletânea ao mesmo tempo reverente e pessoal. Sua impressão digital está bem delineada nas releituras de clássicos como O Pato, Doralice e Desafinado.
Songs of Innocence do U2
À revelia dos usuários, o U2 botou seu novo disco nos dispositivos Apple de milhões de pessoas. A duvidosa jogada de marketing repercutiu mal, mas Songs of Innocence mostrou qualidades para superar o desconforto. É um disco que remete ao U2 inflamado e politicamente engajado do começo da carreira, quando certamente o jovem Bono torceria o nariz para atitudes megalomaníacas como essa.
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