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São 10h da manhã quando eu chego no gigantesco espaço da São Paulo Expo para o meu longo dia na Comic Con Experience, ou CCXP, o primeiro evento realizado no Brasil nos moldes das comic cons que existem mundo afora. Uma fila igualmente gigantesca ignora a chuva e aguarda ansiosamente pela abertura dos portões, que só vai acontecer ao meio-dia. O megaevento é para o público em geral, mas mira especialmente aqueles que as pessoas passaram a denominar "nerds". Eles são o grosso da fila.
Talvez o termo mais utilizado hoje seja GEEK - uma gíria inglesa que se refere a pessoas excêntricas, apaixonadas por tecnologia, jogos eletrônicos ou de tabuleiro, HQs, livros, filmes, animes e séries de TV. São consideradas pessoas peculiares por que essas paixões costumam extrapolar o comportamendo considerado normal pela sociedade. Muitos vão a esse tipo de evento fantasiados como seus personagens preferidos. A fila está repleta deles: são os cosplayers.
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Os termos são muitos e esse comportamento já foi alvo de dezenas de análises sociológicas, psiquiátricas e comportamentais. O fato é que as pessoas que invadiram os corredores da CCXP não conseguiam conter a alegria e a excitação. Alguns fizeram a primeira vistoria quase correndo. Juro que vi algumas lágrimas. Acompanhei numa caminhada Marcelo Forlani - editor do site Omelete, voltado para esse público, e um dos idealizadores do CCXP - e testemunhei inúmeras pessoas que se aproximavam e conseguiam apenas repetir agradecimentos emocionados. Os integrantes do Omelete têm status de estrelas pop para os geeks. Para tirar fotos com eles no seu grande estande, você tinha que reservar quase 40 minutos de espera. Um pouco menos do que a fila de compras para algumas lojas de artigos para colecionadores.
Lindos estandse de Fox, Warner, Sony, Disney e Maurício de Sousa se misturavam aos das editoras, indústria de games e lojas em geral. A escala é impressionante. O auditório onde ocorrerão os painéis tem capacidade para 2 mil pessoas. O painel que mediei, sobre a saga em quadrinhos chamada Vampiro Americano, aconteceu logo após aquele que contava com a presença de Sean Astin - o Sam, da trilogia do Senhor do Anéis. Ambos estavam lotados.
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Um dos espaços mais bacanas era o Artists Alley, ou Ruela dos Artistas, onde os artistas independentes e grandes nomes dos quadrinhos nacionais vendem suas publicações, sketchbooks e originais, sendo devidamente paparicados como as estrelas que são para esse público. As filas de autógrafos também eram contínuas ali. Já passava de 22h quando Ivan Costa, outro realizador da CCXP, me disse que os números obtidos no evento - que se prenunciavam impressionantes - comprovariam o que muitos apenas supunham: a força e o poder do público geek! A CCXP está fazendo história!
*Thedy Corrêa é músico e vocalista do Nenhum de Nós